Na cidade dormitório
Onde o sol se põe cinzento
E o bel-canto da cigarra
Jaz mudo sob o cinzento
Quando a noite cai sombria
Com seus ténues lampadários
Luzindo na simetria
Dos novos bairros operários
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio
Pinto apelos em murais
Esfumo a noite em olheiras
Deslizo na hora do lobo
Sigo o rastro das padeiras
Afio as minhas armas brancas
Nas esquinas de metal
Cravo-as bem fundo nas ancas
Da cintura industrial
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio
Silva a hora do comboio
Treme na erva o orvalho
Corações da outra banda
Apressam-se para o trabalho
Com olhos mal acordados
Brilho vestido ao contrário
Como peixes alucinados
Às voltas no seu aquário
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio
Carlos Tê
quinta-feira, janeiro 26, 2006
domingo, janeiro 22, 2006
Advogo
Advogo a filantropia,
Não ignoro a caducidade.
Observo o Mundo de noite e de dia
E vejo sempre a claridade.
Não advogo a retórica,
Nada é objecto de persuação.
A política é alérgica à filosofia,
É uma plutocracia sem razão,
Uma demagogia que pantomina
Numa sociedade sem propensão…
Advogo o teu ser,
A tua luz que me ilumina,
A tua arte escondida
Numa quimera genuína…
Advogo o que existe
Na tua mente que incita
O amor que se esconde
Na tua alma inaudita.
Advogo a candura do vento,
Que bafeja o que não é banal,
Nasce nos confins da Utopia,
Suaviza a cegueira infernal
E traça a linha longa do horizonte
Na plenitude do pantanal...
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
Não ignoro a caducidade.
Observo o Mundo de noite e de dia
E vejo sempre a claridade.
Não advogo a retórica,
Nada é objecto de persuação.
A política é alérgica à filosofia,
É uma plutocracia sem razão,
Uma demagogia que pantomina
Numa sociedade sem propensão…
Advogo o teu ser,
A tua luz que me ilumina,
A tua arte escondida
Numa quimera genuína…
Advogo o que existe
Na tua mente que incita
O amor que se esconde
Na tua alma inaudita.
Advogo a candura do vento,
Que bafeja o que não é banal,
Nasce nos confins da Utopia,
Suaviza a cegueira infernal
E traça a linha longa do horizonte
Na plenitude do pantanal...
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
terça-feira, janeiro 17, 2006
Na Mesa do Santo Ofício
Tu lhes dirás, meu amor, que nós não existimos.
Que nascemos da noite, das árvores, das nuvens.
Que viemos, amámos, pecámos e partimos
Como a água das chuvas.
Tu lhes dirás, meu amor, que ambos nos sorrimos
Do que dizem e pensam
E que a nossa aventura,
É no vento que passa que a ouvimos,
É no nosso silêncio que perdura.
Tu lhes dirás, meu amor, que nós não falaremos
E que enterrámos vivo o fogo que nos queima.
Tu lhes dirás, meu amor, se for preciso,
Que nos espreguiçaremos na fogueira.
José Carlos Ary dos Santos
Que nascemos da noite, das árvores, das nuvens.
Que viemos, amámos, pecámos e partimos
Como a água das chuvas.
Tu lhes dirás, meu amor, que ambos nos sorrimos
Do que dizem e pensam
E que a nossa aventura,
É no vento que passa que a ouvimos,
É no nosso silêncio que perdura.
Tu lhes dirás, meu amor, que nós não falaremos
E que enterrámos vivo o fogo que nos queima.
Tu lhes dirás, meu amor, se for preciso,
Que nos espreguiçaremos na fogueira.
José Carlos Ary dos Santos
segunda-feira, janeiro 16, 2006
Cruz Alta
Ficou a promessa
Onde o Céu se une com a Terra,
Tão perto da Lua que regressa
Aos encantos do palácio e da serra.
Ficou a promessa
Lá no cume onde Deus pousou,
Tão perto do Sol que regressa
Aos braços de quem o ressuscitou.
E só a morte, por ser forte,
Matará o sonho
Preso naquele lugar.
E só a morte, por ser forte,
Matará quem
Viu ali o teu olhar.
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
Isto é o resultado de uma visita ao ponto mais alto da Serra de Sintra.
Onde o Céu se une com a Terra,
Tão perto da Lua que regressa
Aos encantos do palácio e da serra.
Ficou a promessa
Lá no cume onde Deus pousou,
Tão perto do Sol que regressa
Aos braços de quem o ressuscitou.
E só a morte, por ser forte,
Matará o sonho
Preso naquele lugar.
E só a morte, por ser forte,
Matará quem
Viu ali o teu olhar.
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
Isto é o resultado de uma visita ao ponto mais alto da Serra de Sintra.
domingo, janeiro 15, 2006
Viagem
Outrora, coloquei, neste espaço, um poema sublime de Miguel Torga. Hoje, coloco-o, aqui, novamente...
Talvez sejam os desencontros amorosos ou a conjuntura politica em que sobrevivemos que não incitam a coragem ou que não apelam à confiança para partir numa nova viagem ou numa nova aventura...
O Mundo é cada vez mais egocêntrico... A sociedade preocupa-se mais com o dinheiro que paga as prestações do crédito hipotecário, o empréstimo do automóvel, os impostos, a gasolina ou o gasóleo, a moda... No entanto, não existe quantia numerária que sirva para pagar ou emprestar o Amor de alguém...
A Filantropia perece nas ruas ou nas avenidas dos grandes centros urbanos, onde a felicidade se esconjura. Perguntaria uma amiga: “ de que cruzar de ruas fugimos?”
A Poesia morre nos versos escritos na candura do tempo vivido pelo poeta louco e rebelde por ser original... Já ninguém quer saber das palavras vivas que estão mortas e enterradas...
A Música já não encanta nem o Sol canta na doce manhã... Já ninguém entende a hipocondria das semibreves e a alegria das colcheias...
Contudo, ninguém é idóneo de matar a minha felicidade. Ninguém me faz desistir por ser fraqueza. Afinal, quem se encontra do meu lado? Quem quer pelejar por um Mundo melhor? Benvindo, amigo, se não quiseres sobreviver e optares por viver na loucura... Benvinda, Princesa, se quiseres partir na aventura...
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga - 1962
Talvez sejam os desencontros amorosos ou a conjuntura politica em que sobrevivemos que não incitam a coragem ou que não apelam à confiança para partir numa nova viagem ou numa nova aventura...
O Mundo é cada vez mais egocêntrico... A sociedade preocupa-se mais com o dinheiro que paga as prestações do crédito hipotecário, o empréstimo do automóvel, os impostos, a gasolina ou o gasóleo, a moda... No entanto, não existe quantia numerária que sirva para pagar ou emprestar o Amor de alguém...
A Filantropia perece nas ruas ou nas avenidas dos grandes centros urbanos, onde a felicidade se esconjura. Perguntaria uma amiga: “ de que cruzar de ruas fugimos?”
A Poesia morre nos versos escritos na candura do tempo vivido pelo poeta louco e rebelde por ser original... Já ninguém quer saber das palavras vivas que estão mortas e enterradas...
A Música já não encanta nem o Sol canta na doce manhã... Já ninguém entende a hipocondria das semibreves e a alegria das colcheias...
Contudo, ninguém é idóneo de matar a minha felicidade. Ninguém me faz desistir por ser fraqueza. Afinal, quem se encontra do meu lado? Quem quer pelejar por um Mundo melhor? Benvindo, amigo, se não quiseres sobreviver e optares por viver na loucura... Benvinda, Princesa, se quiseres partir na aventura...
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga - 1962
quinta-feira, janeiro 12, 2006
Sombra do Beijo
De mãos dadas, vagueamos na rua
Presos às palavras que ambos dizemos...
Nem sequer notamos que o momento que se oculta
É o refúgio daquilo que ambos sabemos...
Será a sombra do beijo
Que, no silêncio, se quer soltar?
Será a sombra do beijo?
Desvendamos segredos escondidos no pó,
Enquanto deambulamos no outro lado do Mundo.
E o tempo prende-se na solidão das palavras
Como se fosses Princesa e eu, vagabundo...
Será a sombra do beijo
Que, no silêncio, se quer soltar?
Será a sombra do beijo?
As horas passam e os minutos evanescem,
Enquanto realçamos o que ambos sabemos.
E os sorrisos fugazes que desvanecem
São a senha daquilo que juntos seremos...
Será a sombra do beijo
Que, no silêncio, se quer soltar?
Será a sombra do beijo?
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
Presos às palavras que ambos dizemos...
Nem sequer notamos que o momento que se oculta
É o refúgio daquilo que ambos sabemos...
Será a sombra do beijo
Que, no silêncio, se quer soltar?
Será a sombra do beijo?
Desvendamos segredos escondidos no pó,
Enquanto deambulamos no outro lado do Mundo.
E o tempo prende-se na solidão das palavras
Como se fosses Princesa e eu, vagabundo...
Será a sombra do beijo
Que, no silêncio, se quer soltar?
Será a sombra do beijo?
As horas passam e os minutos evanescem,
Enquanto realçamos o que ambos sabemos.
E os sorrisos fugazes que desvanecem
São a senha daquilo que juntos seremos...
Será a sombra do beijo
Que, no silêncio, se quer soltar?
Será a sombra do beijo?
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
Canção de Engate
Tu estás livre e eu estou livre
E há uma noite para passar
Porque não vamos unidos?
Porque não vamos ficar
Na aventura dos sentidos?
Tu estás só e eu mais só estou
Que tu tens o meu olhar.
Tens a minha mão aberta
À espera de se fechar
Nessa tua mão deserta.
Vem, que o amor não é o tempo
Nem é o tempo que o faz.
Vem, que o amor é o momento
Em que eu me dou, em que te dás.
Tu, que buscas companhia
E eu, que busco quem quiser.
Ser o fim desta energia,
Ser um corpo de prazer,
Ser o fim de mais um dia.
Tu, que continuas à espera
Do melhor que já não vem
Que a esperança foi encontrada
Antes de ti por alguém
E eu sou melhor que nada...
Vem, que o amor não é o tempo
Nem é o tempo que o faz.
Vem, que o amor é o momento
Em que eu me dou, em que te dás...
António Rodrigues Ribeiro
E há uma noite para passar
Porque não vamos unidos?
Porque não vamos ficar
Na aventura dos sentidos?
Tu estás só e eu mais só estou
Que tu tens o meu olhar.
Tens a minha mão aberta
À espera de se fechar
Nessa tua mão deserta.
Vem, que o amor não é o tempo
Nem é o tempo que o faz.
Vem, que o amor é o momento
Em que eu me dou, em que te dás.
Tu, que buscas companhia
E eu, que busco quem quiser.
Ser o fim desta energia,
Ser um corpo de prazer,
Ser o fim de mais um dia.
Tu, que continuas à espera
Do melhor que já não vem
Que a esperança foi encontrada
Antes de ti por alguém
E eu sou melhor que nada...
Vem, que o amor não é o tempo
Nem é o tempo que o faz.
Vem, que o amor é o momento
Em que eu me dou, em que te dás...
António Rodrigues Ribeiro
Arlequim - O Anjo do Mar
Navegou os sete mares
E naufragou no teu olhar...
Perdeu-se na ilha dos amores
E ofereceste-lhe asas para voar.
Rastejaste-lhe até ao fim
Com o teu sorriso peculiar,
Riste do Arlequim
Que sorria ao sonhar...
E com as asas douradas,
Devolveste-lhe o respirar.
E quando voa, sobrevoa
No brilho do teu olhar.
E com as asas douradas,
Devolveste-lhe o respirar.
E quando voa, sobrevoa...
É o teu Anjo do Mar...
A magia da cor
Que faz os seus olhos relampejar,
Purificou a dor,
Prontificando-lhe o mar.
E com o rosto moldado,
Regressando sempre ao mesmo cais,
Parte para todo o lado
E amaina todos os vendavais.
E com as asas douradas,
Devolveste-lhe o respirar.
E quando voa, sobrevoa
No brilho do teu olhar.
E com as asas douradas,
Devolveste-lhe o respirar.
E quando voa, sobrevoa...
É o teu Anjo do Mar...
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
quarta-feira, janeiro 11, 2006
Arte - O Sémen do Amor Mundano
A Arte é a palavra que respira num dicionário,
Que se esmera num livro de poesia.
É a sílaba pronunciada no silêncio plenário
Que a natureza demonstra por magia;
É o gemido de um piano sonâmbulo,
Que persegue na noite o sonhador;
É uma sóbria aresta de um triângulo,
Que a trigonometria desvenda sem pudor.
A Arte é uma lágrima no oceano
Dissipada por um anjo enfadonho;
É o sémen do amor mundano
Plantado nas planícies do sonho.
A Arte é a palavra transfigurada numa rosa,
Que transcende os feitiços do anoitecer.
É a casta beleza da poesia narrada em prosa,
Que interpela o sonhador ao amanhecer.
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
Que se esmera num livro de poesia.
É a sílaba pronunciada no silêncio plenário
Que a natureza demonstra por magia;
É o gemido de um piano sonâmbulo,
Que persegue na noite o sonhador;
É uma sóbria aresta de um triângulo,
Que a trigonometria desvenda sem pudor.
A Arte é uma lágrima no oceano
Dissipada por um anjo enfadonho;
É o sémen do amor mundano
Plantado nas planícies do sonho.
A Arte é a palavra transfigurada numa rosa,
Que transcende os feitiços do anoitecer.
É a casta beleza da poesia narrada em prosa,
Que interpela o sonhador ao amanhecer.
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
segunda-feira, janeiro 09, 2006
Beijo Escondido
Entoas no silêncio um poema sem cessar
E persigo as palavras que soltas na calçada.
Desvendo em cada sílaba um segredo por revelar
E um beijo que lateja na boca coutada.
Sim, eras tu que, sem saber, me beijavas
E entregavas ao vento o tempo que sonhavas.
Sussurras no silêncio uma sóbria semibreve
E persigo o compasso que serena a madrugada.
Desvendo em cada passo um abraço puro e breve
E um beijo velado na mão vedada.
Sim, eras tu que, sem saber, me beijavas
E entregavas ao vento o tempo que sonhavas.
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
E persigo as palavras que soltas na calçada.
Desvendo em cada sílaba um segredo por revelar
E um beijo que lateja na boca coutada.
Sim, eras tu que, sem saber, me beijavas
E entregavas ao vento o tempo que sonhavas.
Sussurras no silêncio uma sóbria semibreve
E persigo o compasso que serena a madrugada.
Desvendo em cada passo um abraço puro e breve
E um beijo velado na mão vedada.
Sim, eras tu que, sem saber, me beijavas
E entregavas ao vento o tempo que sonhavas.
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
sábado, janeiro 07, 2006
A Vida - A Arte Perene
A Vida é a arte que se espelha
No nosso planeta em movimento;
É a voz que se esmera
Nas teias de um amor sedento.
A Vida é o apelo escrito no mural
Pelo povo oculto na ausência de expressão;
É o manifesto do vulgo que craveja
Nas ruas em que se desenrola a revolução.
A Vida é a resistência de quem padece
Debaixo da intempérie da guerra,
De quem se imuniza no sonho indelével
Mesmo quando o dia encerra.
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
No nosso planeta em movimento;
É a voz que se esmera
Nas teias de um amor sedento.
A Vida é o apelo escrito no mural
Pelo povo oculto na ausência de expressão;
É o manifesto do vulgo que craveja
Nas ruas em que se desenrola a revolução.
A Vida é a resistência de quem padece
Debaixo da intempérie da guerra,
De quem se imuniza no sonho indelével
Mesmo quando o dia encerra.
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
domingo, janeiro 01, 2006
Alma Perene
Desvendei-te nos montes que percorri,
Onde entoava o som eterno da poesia.
Entrizavas-te nas montanhas
De braços estendidos, desafiando a invernia.
Quanto te avistei nas avenidas desertas
Que percorria num sopro nevado,
Logo se fulgiu numa cálida melodia,
A magia que transporto para todo o lado.
E quando te pressenti nas lacunas da cidade,
Desemboquei num grito desenfreado,
Invertendo a efémera melancolia
No alento de um anjo emancipado.
Desvendei-te nas miragens do deserto,
Onde soavam acordes distorcidos,
Descolei da prisão do ignóbil medo,
Que, de mim, transbordava e melindrava os sentidos.
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
Onde entoava o som eterno da poesia.
Entrizavas-te nas montanhas
De braços estendidos, desafiando a invernia.
Quanto te avistei nas avenidas desertas
Que percorria num sopro nevado,
Logo se fulgiu numa cálida melodia,
A magia que transporto para todo o lado.
E quando te pressenti nas lacunas da cidade,
Desemboquei num grito desenfreado,
Invertendo a efémera melancolia
No alento de um anjo emancipado.
Desvendei-te nas miragens do deserto,
Onde soavam acordes distorcidos,
Descolei da prisão do ignóbil medo,
Que, de mim, transbordava e melindrava os sentidos.
João Garcia Barreto
Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
Subscrever:
Mensagens (Atom)