"Sim, eras tu que, sem saber, me beijavas
E entregavas ao vento o tempo que sonhavas..."O esquisso desta canção pode ser escutada aqui.
Fotografia de Vanessa Pelerigo
Tudo o que se sobressai da utopia que advogo
Não é mais do que um substrato do tempo que vivi,
Como a lágrima vertida na atmosfera onde vogo
Não é mais do que um piano pungente que tange por ti…
E as mãos que, na solidão, se intimidam,
Que se desertificam aquando o tempo evanesce
Não são mais do que as palavras nunca antes ditas
E veladas num âmago isolado que entorpece…
Por isso, vem… que a saudade não desvanece…
Vem… que o tempo permanece…
E prende-me em ti…
Tudo o que se ocultava no silêncio temível
Não era mais do que a soturna certeza
Que teimava em calcular pela matemática falível
Nos teoremas esotéricos da imensurável natureza.
E se, novamente, me vires assim, imerso no pensamento,
Pensa que emergi do livro do cepticismo filosófico
Escrito pelas mãos da poesia na candura do tempo
E do exagero desenfreado de um amor platónico.
Por isso, vem… que a saudade não desvanece…
Vem… que o tempo permanece…
E prende-me em ti…
João Garcia Barreto
Numa folha em branco,
Matizo o sorriso que improvisas no jardim
E pinto a silhueta dos gestos das mãos brandas
E dos lábios frios que pousas em mim...
Numa folha em branco,
Realço o sexto sentido que, aqui, reconheces,
E rasuro o tempo que lateja nas mãos abertas
Que revelam aquilo que só tu conheces.
E, na noite, desenho o Mundo
Que forjámos num beijo profundo...
E, na noite, matizo o perene amor assim...
Esquissos de ti...João Garcia Barreto