Tudo o que se sobressai da utopia que advogo Não é mais do que um substrato do tempo que vivi, Como a lágrima vertida na atmosfera onde vogo Não é mais do que um piano pungente que tange por ti… E as mãos que, na solidão, se intimidam, Que se desertificam aquando o tempo evanesce Não são mais do que as palavras nunca antes ditas E veladas num âmago isolado que entorpece…
Por isso, vem… que a saudade não desvanece… Vem… que o tempo permanece… E prende-me em ti…
Tudo o que se ocultava no silêncio temível Não era mais do que a soturna certeza Que teimava em calcular pela matemática falível Nos teoremas esotéricos da imensurável natureza. E se, novamente, me vires assim, imerso no pensamento, Pensa que emergi do livro do cepticismo filosófico Escrito pelas mãos da poesia na candura do tempo E do exagero desenfreado de um amor platónico.
Por isso, vem… que a saudade não desvanece… Vem… que o tempo permanece… E prende-me em ti…
Numa folha em branco, Matizo o sorriso que improvisas no jardim E pinto a silhueta dos gestos das mãos brandas E dos lábios frios que pousas em mim... Numa folha em branco, Realço o sexto sentido que, aqui, reconheces, E rasuro o tempo que lateja nas mãos abertas Que revelam aquilo que só tu conheces.
E, na noite, desenho o Mundo Que forjámos num beijo profundo... E, na noite, matizo o perene amor assim...