"Tudo o que perdura nas páginas da verdade,
Tudo o que existe e não tem fim,
Fortalece a doce saudade,
Beijo da Eternidade em mim... "
Fotografia de João Garcia Barreto
Em trabalho, corri o Algarve de lés a lés. Três dias e duas noites indeléveis...Já são 5 da manhãAinda há tempo esta noitePara quem começa a viver,A rádio sussurra "Manhatã"Em acordes distorcidosQue nos enchem de prazerVoam pássaros morcegosAssustando o pára-brisasE a paisagem que amanhece.Queres parar, mas não aquiQue essa luz parte de tiE o desejo que acontece.Da chuva faço mil estradas de vidroE o meu carro a rolar.No ar o cheiro do destino,No chão a pele quenteDo Algarve a acordar
Já passamos Castro Verde,E escreveste na planícieComo se esta fosse um papel,Dizes: "o mundo não compreendeMais do que está à superfície""Ne me quitte pas", pede BrellEntre néons e NirvanaVais mudando de estaçãoComo se a próxima fosse a melhor.E os sons que a serra escondeEntre o asfalto e o monte,São mais que a pressa do motor.Da chuva faço mil estradas de vidroE o meu carro a rolar.No ar o cheiro do destino,No chão a pele quenteDo Algarve a acordarUm dia de silêncioÉ um dia de amarguraIgual a outro dia qualquerTrazes nos olhos o desejoOnde vejo a aventuraQue ainda vamos viver.Da chuva faço mil estradas de vidroE o meu carro a rolar.No ar o cheiro do destino,No chão a pele quenteDo Algarve a acordarPedro Abrunhosa