domingo, outubro 19, 2008
Esquiços
Numa folha em branco,
Matizo o sorriso que improvisas no jardim
E pinto a silhueta dos gestos das mãos brandas
E dos lábios frios que pousas em mim...
Numa folha em branco,
Realço o sexto sentido que, aqui, reconheces,
E rasuro o tempo que lateja nas mãos abertas
Que revelam aquilo que só tu conheces.
E, na noite, desenho o Mundo
Que forjámos num beijo profundo...
E, na noite, matizo o perene amor assim...
Esquiços de ti...
Texto e Fotografia de João Garcia Barreto
quarta-feira, outubro 08, 2008
Saudade
João Gil prepara-se para lançar um novo trabalho, contando sempre com o inseparável e sublime poeta, João Monge. Desde já, destaco duas grandes canções, "Hoy el Mar es mas Azul que el Cielo" e "2 Tempos", que poderão ser escutadas aqui.
Por agora, divulgo um dos poucos poemas escritos pelo próprio João Gil.
Há sempre alguém que nos diz: "tem cuidado".
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco.
Há sempre alguém que nos faz falta.
Ah! Saudade...
Chegou hoje no correio a notícia
É preciso avisar por esses povos
Que turbulências e ventos se aproximam
Ah! Cuidado...
Há sempre alguém que nos diz: "tem cuidado".
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco.
Há sempre alguém que nos faz falta.
Ah! Saudade...
Foi chão que deu uvas, alguém disse
Umas, porém, colhe-se o trigo, faz-se o pão
E se ouvimos os contos de um tinto velho
Ah! Bebemos a saudade...
Há sempre alguém que nos diz: "tem cuidado".
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco.
Há sempre alguém que nos faz falta
Ah! Saudade...
E vem o dia em que dobramos os nossos cabos
Da roca a S. Vicente em boa esperança
E de poder vaguear com as ondas
Ah! Saudades do futuro...
Há sempre alguém que nos diz: "tem cuidado".
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco.
Há sempre alguém que nos faz falta.
Ah! Saudade...
João Gil
Ao João Gil por saber preconizar a música portuguesa...
quarta-feira, outubro 01, 2008
Palavras Nunca Antes Ditas
Tudo o que se sobressai da utopia que advogo
Não é mais do que um substrato do tempo que vivi,
Como a lágrima vertida na atmosfera onde vogo
Não é mais do que um piano pungente que tange por ti…
E as mãos que, na solidão, se intimidam,
Que se desertificam aquando o tempo evanesce
Não são mais do que as palavras nunca antes ditas
E veladas num âmago isolado que entorpece…
Por isso, vem… que a saudade não desvanece…
Vem… que o tempo permanece…
E prende-me em ti…
Tudo o que se ocultava no silêncio temível
Não era mais do que a soturna certeza
Que teimava em calcular pela matemática falível
Nos teoremas esotéricos da imensurável natureza.
E se, novamente, me vires assim, imerso no pensamento,
Pensa que emergi do livro do cepticismo filosófico
Escrito pelas mãos da poesia na candura do tempo
E do exagero desenfreado de um amor platónico.
Por isso, vem… que a saudade não desvanece…
Vem… que o tempo permanece…
E prende-me em ti…
João Garcia Barreto
Não é mais do que um substrato do tempo que vivi,
Como a lágrima vertida na atmosfera onde vogo
Não é mais do que um piano pungente que tange por ti…
E as mãos que, na solidão, se intimidam,
Que se desertificam aquando o tempo evanesce
Não são mais do que as palavras nunca antes ditas
E veladas num âmago isolado que entorpece…
Por isso, vem… que a saudade não desvanece…
Vem… que o tempo permanece…
E prende-me em ti…
Tudo o que se ocultava no silêncio temível
Não era mais do que a soturna certeza
Que teimava em calcular pela matemática falível
Nos teoremas esotéricos da imensurável natureza.
E se, novamente, me vires assim, imerso no pensamento,
Pensa que emergi do livro do cepticismo filosófico
Escrito pelas mãos da poesia na candura do tempo
E do exagero desenfreado de um amor platónico.
Por isso, vem… que a saudade não desvanece…
Vem… que o tempo permanece…
E prende-me em ti…
João Garcia Barreto
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