Recordo-me do tempo pueril que vivi e das inúmeras canções que armazenava dentro de mim e que faziam parte do meu universo utópico, onde teimava vogar sem cessar. Rui Veloso, Jorge Palma, Sérgio Godinho, Fausto, Zeca Afonso, Trovante, Xutos & Pontapés, Sétima Legião, Heróis do mar, GNR, Resistência, Delfins, Fernando Girão e Lua Extravagante eram os artistas nacionais que detinham a maior participação do meu ledo assobio. Mais tarde, Pedro Abrunhosa insurgiu-se na atmosfera musical portuguesa, que se corroía morosamente e se tornava cada vez mais comercial e menos cultural, rejuvenescendo-a com os seus poemas adornados por palavras sublimes e envoltos nas infinitas e inauditas melodias e fortificando a raiz da música portuguesa arada pelos cantores da revolução já referidos. E o tempo passa e surgem outros nomes de referência: David Fonseca, Toranja, D'Weasel, Blind Zero, Mesa, Donna Maria...
Assim, partilho convosco uma canção que sibilo e armazeno desde a minha infância e, hoje, talvez esquecida pelo comercialismo que domina a música portuguesa...
Mais do que a um país
que a uma família
ou geração
Mais do que a um passado
Que a uma história
ou tradição
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Mais do que a um patrão
que a uma rotina
ou profissão
Mais do que a um partido
que a uma equipa
ou religião
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Vive selvagem
E para ti serás alguém
Nesta viagem
Quando alguém nasce,
Nasce selvagem,
Não é de ninguém...
Quando alguém nasce,
Nasce selvagem,
Não é de ninguém...
Miguel Ângelo e Fernando Cunha
1 comentário:
É isto e muito mais que nos faz quem somos...
Um Obrigada explícito a todos os Artistas será o passo que "falta" neste post mas que está subentendido pelo autor*
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