No meio da quarentena,
sempre com a sua cantilena
lá estava o cata-ventos
no canal da podridão,
onde só está quem faz figurão
e, entretanto, a criatura
que é ave rara sem cultura
grita slogans aos ventos
sem saber bem o que diz,
mas atiça multidões de nazis.
Para que serve uma canção
quando alguém ouve?
Para que serve a verdade
quando nunca houve?
Para que serve a razão
se escondes o que crês?
O que é a Liberdade
se não sabes o que vês?
O mais bizarro de tudo isto,
nem Karl Marx e Jesus Cristo
sonhavam com o fanfarrão.
Longe é Abril de Zé Mário
quando tudo está ao contrário.
Já não bastava a pandemia
para fustigar a economia
e a espelhar a solidão,
cá suportamos o trapaceiro
que troca tudo por poleiro.
Para que serve uma canção
quando alguém ouve?
Para que serve a verdade
quando nunca houve?
Para que serve a razão
se escondes o que crês?
O que é a Liberdade
se não sabes o que vês?
@João Garcia Barreto
Poema registado no IGAC
Autor representado pela Sociedade Portuguesa de Autores
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