Entoas no silêncio um poema sem cessar
E persigo as palavras que soltas na calçada.
Desvendo em cada sílaba um segredo por revelar
E um beijo que lateja numa boca coutada.
Sim, eras tu que, sem saber, me beijavas
E entregavas ao vento o tempo que sonhavas.
Sussurras no silêncio uma sóbria semibreve
E persigo o compasso que serena a madrugada.
Desvendo em cada passo um abraço puro e breve
E um beijo velado numa mão vedada.
Sim, eras tu que, sem saber, me beijavas
E entregavas ao vento o tempo que sonhavas.
João Garcia Barreto
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