É, somente, a corja que macera.
Lega o beijo a quem se cobre
Na prisão da fome que lacera.
Não é a dor que permanece,
É, decerto, a Amália no Fado.
Salva Portugal que, hoje, padece
Na saudade do corpo amado.
Não é a ilusão que faz voar sem fim,
É o sonho na mão e na canção em mim.
Não é o vinho que inebria,
É o eterno Zeca que tange.
Percorre a estrada da Utopia
E atiça o povo que plange.
Não é o silêncio que se insurge,
É, somente, a verve da vontade.
Ergue o cravo que, agora, urge
E matiza o chão da Liberdade.
Não é a ilusão que faz voar sem fim,
É o sonho na mão e na canção em mim.
Não é a voz que se agita,
É o terno Gedeão a sonhar.
Dança no poema que palpita
Na fé de quem ousa lutar.
Não é o Sol que se vela,
É o estro de Pessoa a clamar.
Acorda Portugal na aguarela
Que um gaiato soube pintar.
Não é a ilusão que faz voar sem fim,
É o sonho na mão e na canção em mim.Texto de João Garcia Barreto
Tema Registado no IGAC.
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