terça-feira, junho 10, 2008

Refúgio



A noite adormecia no crepúsculo da manhã
E tu dormias, Princesa, no aconchego do divã,
Onde ousavas viajar sobre o segredo que o mar
Armazenou em mim.
Descobrias que o que vias, era o cimo de uma hera,
Que floria a saudade em tons de Primavera
E eternizava os dias no asilo onde viverias
A sonhar sempre assim…
Entrizaste-te, enfim, do aconchego do divã
E revelaste o que observaste, roendo uma maçã…
Estendeste a tua mão, senti a pulsação,
És parte de mim…
Revelei-te que o horizonte é o fim ecuménico,
Que o lugar onde vives é só um espaço cénico
E o mito que guardamos, é aquilo que sonhamos
Num mundo assim…

Em ti pousei, em ti repousei…
Eis o refúgio que desvendei…
Sei voar, sei flutuar,
Sou um anjo vivo no teu olhar.

Ledamente, o dia surgiu na manhã já despida,
E tu estranhavas, Princesa, a madrugada vivida
No enleio que se eterniza no tempo que se imuniza,
Para sempre, aqui…
Soubeste perguntar onde guardava a magia,
Disse que não sabia sequer onde a escondia,
Pediste-me um beijo, realizei o desejo
Do ensejo sem fim…
Insurgiste-te, no adeus, com o teu jeito peculiar,
Disseste que um anjo sabe sempre regressar,
Osculaste a minha mão, sentiste a pulsação,
Sou parte de ti…
Disseste que esperavas com as mãos abertas
Prometi que regressava nas noites incertas,
Peguei na poesia e na mais bela melodia
E parti assim…

Texto e Fotografia de João Garcia Barreto