sábado, dezembro 23, 2006

Pêndulo II

O pêndulo não cessa e, por conseguinte, o relógio continua o seu movimento habitual. Lá fora, o Sol pousa na varanda e espreita por trás da cortina. Bate na vidraça, no intuito de se penetrar entre quatro paredes caiadas, onde um piano zomba sobre o seu esplendor. Lá vem ele para mais uma das suas visitas de médico...
Abro a janela e deixo-o entrar no quarto, onde dança ternamente. Depois, despede-se e regressa ao espaço, onde se eterniza.
E eu estou aqui, onde o relógio marca mais um ano de vida. O pêndulo não pára, enquanto existir vontade de ficar no Mundo como “a gente vai continuar, enquanto houver estrada para andar” e o tempo evanesce na ilusão de quem não deseja perecer.

sábado, dezembro 16, 2006

Porto



Anseava-te ao som de Abrunhosa,
Quando o carro abraçou o Porto...
Pressentia-te no quarto do hotel,
Onde dormias deitada no leito morto.

Anseava-te nas ruas estreitas
Da cidade, onde faz sempre frio.
Sonhei que entravas no Majestic
Com a beleza infinita que jamais se viu...

E a tua pele divina, já despida...
E os braços de cetim sobre mim
Em plena avenida...

Quero-te aqui,
Quando se ama o Porto na tua ausência...

Anseava-te no Palácio de Cristal
Quando a chuva beijou a fonte...
Ao longe, os rabelos ancorados ao cais
E o meu olhar preso ao horizonte.

Anseava-te no barco para Afurada,
Onde trocava a cidade pela viagem
E o Porto, ao longe, mas tão perto
Por ser o deserto e tu, uma simples miragem...

João Garcia Barreto


Fotografia de Vanessa PelerigoPosted by Picasa

domingo, dezembro 10, 2006

Valsa De Um Homem Carente

Se alguma vez te parecer
Ouvir coisas sem sentido
Não ligues, sou eu a dizer
Que quero ficar contigo
E, apenas, obedeço
Com as artes que conheço
Ao princípio activo
Que rege desde o começo
E mantém o mundo vivo

Se alguma vez me vires fazer
Figuras teatrais
Dignas de um palhaço pobre
Sou eu a dançar a mais nobre
Das danças nupciais
Vê minhas plumas cardeais
Em todo o seu esplendor
Sou eu, sou eu, nem mais
A suplicar o teu amor.

É a dança mais pungente
Mão atrás e outra à frente
Valsa de um homem carente,
Mão atrás e outra à frente
Valsa de um homem carente

Carlos Tê

sábado, dezembro 02, 2006

O Amor Urge No Desconcerto Do Mundo



Percorro a solidão das ruas, onde invento os teus passos e a fragrância das tuas mãos. Anseio-te desenfreadamente como um louco que só repete as palavras que usas e, mimeticamente, gesticula os gestos que permanecem na miragem que vê e toca.
A noite adormece devagar ao som reproduzido pela leda madrugada, enquanto o meu corpo se arrasta na sua indolência. São horas de regressar ao quarto vazio, onde te escrevo, na ausência dos dias. Não imaginas os poemas e as pautas inúteis que atapetam o chão...

Por isso, vem... Não tenho mais nada para te dizer. Só tenho um simples âmago para te legar...
Vem... Desemboca em mim e adormece-me no leito que espera por ti...

Meu Amor, o Amor urge no desconcerto do Mundo...


Fotografia de Vanessa PelerigoPosted by Picasa

segunda-feira, novembro 20, 2006

O Amor Não Se Empresta



Escrevo-te, de novo, na ausência dos dias
Onde pernoito devagar...
Doi-me a saudade de te querer em mim...
Revejo-te no que, no leito, não me dizias
E osculo-te sem cessar...
Perco-me na memória por te ansiar assim...

Bebo-te em tragos lentos na contradança
Que forjámos aqui...
Sinto a brisa do teu corpo no quarto deserto...
Espero-te na noite, onde a Lua balança...
Depuro-te no que vivi
E lembro-te na despedida no lugar incerto...

E o tempo que sentes,
Preso no silêncio das mãos prementes
É tudo aquilo que nos resta...
Tu sabes: “O Amor não se empresta...”

João Garcia Barreto

Poema registado na Sociedade Portuguesa de Autores

Fotografia de Vanessa Pelerigo
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quinta-feira, novembro 09, 2006

No Voo De Um Anjo



Da janela do quarto,
A tua fobia suspirava...
Esperavas pelo anjo,
Que tardava.
E dos jardins de Éden,
Irrompe num voo inaudito,
O anjo que aguardavas
No teu lugar interdito.

E no silêncio do quarto,
Só o teu esgar não negou
A Eternidade de um beijo
De quem ao momento se entregou.
E com o desvelo de um abraço
De um anjo eterno que voou,
Imunizaste no leito
O amor que, no quarto, deixou.

No voo de um anjo,
Onde flutuavas,
Desarvorou a dolência
Que tanto exorcizavas.
E no parapeito do postigo,
Lá se despediu
O teu anjo perene
Que só o teu olhar viu.

João Garcia Barreto

Desta vez, já podem escutar a melodia e a harmonia da canção com um arranjo simples de piano no site:

www.myspace.com/joaogarciabarreto

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quarta-feira, novembro 01, 2006

Waiting In Vain

"Um mão estendida
De um vagabundo à espera
De um beijo ao adormecer
De uma dama da Primavera..."

"É urgente o amor...
É urgente um barco no mar..."

Até quando a ostentação da Política irá prevalecer sobre os direitos da Humanidade?
Até quando o petróleo será a única condição de sobrevivência do Mundo?
Até quando a moeda irá sustentar os maus vícios da plutocracia?
E, assim, o Mundo espera em vão por um simples gesto...

Até quando?

www.pobrezazero.org

Waiting in Vain

From the very first time
I rest my eyes on you, girl,
My heart says follow through.
But I know, now, that I'm way down on your line,
But the waitin' feel is fine:
So don't treat me like a puppet on a string,
'Cause I know I have to do my thing.
Don't talk to me as if you think I'm dumb
I wanna know when you're gonna come - soon.

I don't wanna wait in vain for your love...

'Cause if summer is here,
I'm still waiting there.
Winter is here,
And I'm still waiting there...

Like I said:
It's been three years since I'm knockin' on your door,
And I still can knock some more.
Ooh girl, ooh girl, is it feasible?
I wanna know now, for I to knock some more.
Ya see, in life I know there's lots of grief,
But your love is my relief.
Tears in my eyes burn
While I'm waiting for my turn,

See!
I don't wanna wait in vain for your love...

Bob Marley

quarta-feira, outubro 04, 2006

Phil Mendrix Band no Herman Sic ( Dia 8 de Outubro )



O que dizer quando a emoção é indescritível? O que dizer quando a música invade a alma de quem se imuniza num sonho? O que dizer quando um momento é efémero e desvendamos que é, paradoxalmente, perene? O que dizer quando as câmaras sobrevoavam o palco e perseguiam os dedos do génio que falava com a guitarra e do sonhador que, enquanto tocava, vivia um sonho...

Ao Phil, por ser genuíno, pela sua genialidade e por ter confiado no som endógeno que os meus dedos reproduzem...

Maria, pela humildade que te caracteriza e por todo o estro que habita em ti...

Carlos Gualdino, pela eterna amizade... Que a Arte seja sempre o seu abrigo...
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sábado, setembro 30, 2006

Memórias De Um Beijo

Lembras-me uma marcha de Lisboa
Num desfile singular,
Quem foi,
Quem disse
Que há horas e momentos para se amar

Lembras-me uma enchente de maré
Com uma calma matinal
Quem foi
Quem disse que o mar dos olhos também sabe a sal

As memórias são como livros escondidos no pó...
As lembranças são os sorrisos que queremos rever, devagar

Queria viver tudo numa noite
Sem perder a procurar
O tempo, ou o espaço
Que é indiferente para poder sonhar

Quem foi que provocou vontades
E atiçou as tempestades
E amarrou o barco ao cais
Quem foi, que matou o desejo
E arrancou o lábio ao beijo
E amainou os vendavais...

Luís Represas

domingo, setembro 17, 2006

Paixão - Um Momento Que Amanhece

Dois olhares que se cruzam;
Dois sorrisos que despertam;
Dois corações que se intimidam;
Duas almas que se apertam;
Duas bocas no silêncio ancoradas;
Duas almas que vacilam sem razão;
Duas metades de Lua emaranhadas;
Dois anjos cintilantes na escuridão;

Duas mãos totalmente vazias;
Duas almas cobertas por um véu;
Duas vozes que cantam todos os dias;
Dois pombos paradisíacos, donos do Céu;
Dois corações que sibilam no escuro;
Duas almas vivas na pobreza do Mundo;
Dois corações que anseiam o mesmo futuro;
Duas almas que se saciam num beijo profundo;

Um momento que amanhece
Numa palavra por dizer...
Um regaço que nos aquece
Um coração a tremer...

Uma mão estendida
De um vagabundo à espera
De um beijo ao adormecer
De uma dama da Primavera...

João Garcia Barreto

sexta-feira, setembro 08, 2006

Anseio-te Em Qualquer Lugar


Anseio o Infinito desenhado no teu corpo
Coberto por um tule irisado...
Anseio o desejo que se estende no horizonte
Pintado num beijo demorado...
Anseio o desvelo que se espelha no abraço
Legado numa dança no Mundo...
Anseio o ensejo que se insurge no tempo
Matizado num gesto fecundo...

Anseio-te em qualquer lugar,
Onde deixas tanto de ti...
Quero-te em mim na leda madrugada,
Onde sintas, depois, o tempo que vivi...

João Garcia Barreto


Foto cedida por Vanessa Pelerigo Posted by Picasa

quarta-feira, agosto 30, 2006

Eis O "Refúgio" Que Desvendei...


Um refúgio não é só um oráculo, onde se pode consultar os anjos… Pode ser um momento, onde figuras melódicas espraiadas em compassos simples ou compostos se coadunam com expressões poéticas oriundas de grifos endógenos ou um livro, onde bailam heróis digladiadores e perecem monstros abomináveis. Talvez seja um lugar, onde se realizam ledas tertúlias ou um pedaço de papel, onde se liberta um poema, uma sóbria lacuna no Mundo ou um espaço real, onde a areia e o mar se enamoram.
A esfinge do “Refúgio” laconiza-se na coesão entre o Realismo e o Surrealismo, na qual a quimera é um ensombro de quem sobrevive numa realidade soturna. Em suma, “Refúgio” é todo o momento indelével com formato de canção que pretendo exalar de mim…
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quarta-feira, agosto 23, 2006

A Tua Canção...

Peço-te uma noite só, aqui,
Onde tudo o que vês é metade de mim...
Quero-te numa noite só, assim,
Onde serei sempre parte de ti...

Beijas-me na doce loucura
Que as mãos ocultam por entre os dedos,
Benvinda, se quiseres partir na aventura
E na candura dos gestos ledos...

Eis, a tua canção na terna ausência,
O suspiro do tempo na profunda inocência...


João Garcia Barreto

quarta-feira, agosto 09, 2006

Doce Ensejo

Insurge-se o ensejo, no silêncio do tempo
E a mão aberta que se quer fechar,
Enquanto dançamos na avenida
Antes da manhã regressar...
Desvendo o desejo que se oculta em ti
Na solidão das palavras que recitas
E prendo-me nas teias dos sorrisos
Que, na avenida, dissipas.

E a noite evanesce...
E o tempo permanece em mim...

E se a Lua adormecer,
Sei que me beijas ao amanhecer...
E se o Sol despertar,
Sei que a mão se vai fechar...

Sibila na avenida o doce desejo,
Que se oculta no sopro do vento
E persigo as palavras que soltas
No ledo balanço do momento.


João Garcia Barreto

sábado, agosto 05, 2006

Deixar-te como se amar-te ou querer-te fosse somente liberdade

Mata-me com um só beijo
E afaga o meu corpo até à exaustão
Da pele e do teu toque sobre mim...

Queima as palavras e os espaços
Em branco e cala o passado
Nesse gesto ou noutro qualquer

Não importa sequer
O que de mim faças
Se nos teus dedos
Há, ainda, tanto amor
E desejo por acontecer.

Fala-me do que sentes
Quando não estou;
Dessa dor que te rasga por dentro,
Dos quilómetros de estrada sem regresso,
Das tantas madrugadas,
Onde o verso é, apenas, o que sou.

Diz que és meu
Mesmo que não sejas de ninguém
- Todo meu -
Mente-me só mais um pouco

Os olhos
Os braços
O traço
O peito
A pele
O regaço
O leito
As pernas
Os lábios
Tudo o mais

- Todo tão meu -

Ter que partir,
Sem saber,
Se algum dia
É o retorno.
Esperar vagamente nas calhas da verdade
Como quem nunca chega
Desse lugar tão longe
Que é a saudade.

Vanessa Pelerigo

Um beijo, Vanessa

sexta-feira, agosto 04, 2006

Vida - Arte Perene

A Vida é a arte que se espelha
No nosso planeta em movimento;
É a voz que se esmera
Nas teias de um amor sedento.

A Vida é o apelo escrito no mural
Pelo povo oculto na ausência de expressão;
É o manifesto do vulgo que craveja
Nas ruas em que se desenrola a revolução.

A Vida é a resistência de quem padece
Debaixo da intempérie da guerra,
De quem se imuniza no sonho indelével
Mesmo quando o dia encerra.

João Garcia Barreto
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segunda-feira, julho 31, 2006

Tatuagens




Em cada gesto perdido
tu és igual a mim
em cada ferida que sara
escondida do mundo
eu sou igual a ti

fazes pinturas de guerra
que eu não sei apagar
pintas o sol da cor da terra
e a lua da cor do mar

em cada grito de alma
eu sou igual a ti
de cada vez que um olhar
te alucina e te prende
tu és igual a mim

fazes pinturas de sonhos
pintas o sol na minha mão
e és mistura de vento e lama
entre os luares perdidos no chão

em cada noite sem rumo
tu és igual a mim
de cada vez que procuro
preciso um abrigo
eu sou igual a ti

faço pinturas de guerra
que eu não sei apagar
e pinto a lua da cor da terra
e o sol da cor do mar

em cada grito afundado
eu sou igual a ti
de cada vez que a tremura
desata o desejo
tu és igual a mim

faço pinturas de sonhos
e pinto a lua na tua mão
misturo o vento e a lama
piso os luares perdidos no chão

Mafalda Veiga
in "Tatuagem"


Foto cedida por Vanessa PelerigoPosted by Picasa

quarta-feira, julho 26, 2006

Beijo Da Eternidade

Tudo o que vejo não é miragem,
Tudo o que desvendo na minha alma
Perdura na essência da imagem
Do Mar que nos acalma.
Tudo o que sinto na realidade,
O que armazeno na arca sincera ,
Transfigura a doce saudade
Numa rosa da Primavera.
Tudo o que em mim flameja,
Tudo o que em mim é fecundo,
É a Música que me beija
Numa lacuna do Mundo
Tudo o que perdura nas páginas da verdade,
Tudo o que existe e não tem fim,
Fortalece a doce saudade,
Beijo da Eternidade em mim.

E tudo o que vês não é submerso...
A imagem que observas é o regresso...

De novo, perto de mim,
Observas o Horizonte,
Se eu a ti retornei
Foi da água que bebi na fonte.
Estava escrito nas lajes
Da fonte em que bebi,
O segredo que desvendei
Para repousar hoje, aqui.

João Garcia Barreto
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domingo, julho 23, 2006

Beijo Escondido

Entoas no silêncio um poema sem cessar
E persigo as palavras que soltas na calçada.
Desvendo em cada sílaba um segredo por revelar
E um beijo que lateja numa boca coutada.

Sim, eras tu que, sem saber, me beijavas
E entregavas ao vento o tempo que sonhavas.

Sussurras no silêncio uma sóbria semibreve
E persigo o compasso que serena a madrugada.
Desvendo em cada passo um abraço puro e breve
E um beijo velado numa mão vedada.

Sim, eras tu que, sem saber, me beijavas
E entregavas ao vento o tempo que sonhavas.

João Garcia Barreto

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segunda-feira, julho 17, 2006

Ledo Hiato

De tez macia e lasciva,
Sorris à noite, no quarto, onde matizas a Primavera.
Disseminas, no soalho, as flores que amas
E escreves o adágio na atmosfera.
Semeias o viço das açucenas
E das puras acácias no Universo.
Prendes-me num beijo de uma semibreve
E estendo-me num esteiro de um verso.

E deixas-te ficar no ledo hiato,
Onde bailam anjos num silêncio lauto...

De tule pardo e liso,
Vagueias à noite, no quarto, onde o tempo permanece.
Contornas levemente a sombra que vês
E desenhas a Lua que evanesce.
Semeias o viço dos miósotis
E das puras azáleas na Utopia.
Enleias-me no regaço de um leito de seda
E perduro nos braços da Poesia.

E deixas-te ficar no ledo hiato
Onde bailam anjos num silêncio lauto...

Cedo-te a sidra no remanso dourado,
Cedes-me o suco de essência melada,
Brindamos ao Infinito num só trago...
Bebemos a seiva eternizada
Que produzes no quarto contemplado,
Onde deambulamos de mão dada.

E deixas-te ficar no ledo hiato,
Onde bailam anjos num silêncio lauto...
E deixas-te ficar aqui...

João Garcia Barreto
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sábado, julho 15, 2006

Palavras Nunca Antes Ditas

Tudo o que se sobressai da utopia que advogo
Não é mais do que um substrato do tempo que vivi,
Como a lágrima vertida na atmosfera onde vogo
Não é mais do que um piano pungente que tange por ti…
E as mãos que, na solidão, se intimidam,
Que se desertificam aquando o tempo evanesce
Não são mais do que as palavras nunca antes ditas
E veladas num âmago isolado que entorpece…

Por isso, vem… que a saudade não desvanece…
Vem… que o tempo permanece…
E prende-me em ti…

Tudo o que se ocultava no silêncio temível
Não era mais do que a soturna certeza
Que teimava em calcular pela matemática falível
Nos teoremas esotéricos da imensurável natureza.
E se, novamente, me vires assim, imerso no pensamento,
Pensa que emergi do livro do cepticismo filosófico
Escrito pelas mãos da poesia na candura do tempo
E do exagero desenfreado de um amor platónico.

Por isso, vem… que a saudade não desvanece…
Vem… que o tempo permanece…
E prende-me em ti…

João Garcia Barreto
Posted by Picasa

terça-feira, julho 11, 2006

Fecha-se A Mão Ao Adormecer



Hoje, sou dono do Céu
Sem o querer ultrajar.
Voo como um pássaro na contraluz,
Insistindo em te procurar...
Imagino os teus gestos
Sitos nas partituras em que os descrevo,
Indagando no canto da noite
O silêncio incólume que, aqui, escrevo...

Rejuvenesce-me o sorriso
Embalado pelo anoitecer...
Abre-se o Horizonte!
Fecha-se a mão ao adormecer...
Foram dois anjos que se cruzaram
Num momento omnipotente,
Onde se desfez a solidão
Num beijo ardente...


João Garcia Barreto Posted by Picasa

segunda-feira, julho 03, 2006

Dizer-me / De Que Lado Está o Vento

Dizer-me
De que lado está o vento
No amargo sonho que me fará amanhecer em Ítaca
É a grande verdade do teu corpo.

Dizer-te
Em ti navego
Vencido pela inocência dos enigmas.


Marcelo Teixeira
in "Terna Ausência"
Posted by Picasa

sábado, julho 01, 2006

Esquissos



Numa folha em branco,
Matizo o sorriso que improvisas no jardim
E pinto a silhueta dos gestos das mãos brandas
E dos lábios frios que pousas em mim...
Numa folha em branco,
Realço o sexto sentido que, aqui, reconheces,
E rasuro o tempo que lateja nas mãos abertas
Que revelam aquilo que só tu conheces.

E, na noite, desenho o Mundo
Que forjámos num beijo profundo...
E, na noite, matizo o perene amor assim...

Esquissos de ti...

João Garcia Barreto


Fotografia de Luis Lobo Henriques Posted by Picasa

segunda-feira, junho 26, 2006

Uma Zebra Ao Telefone



Hey, hey... Ontem, falei com uma zebra ao telefone... Não, não é alucinação... Nem sequer é anúncio publicitário da Portugal Telecom... Dizia que se encontrava perdida na FNAC... E esta, hein?

Um abraço, tio.
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domingo, junho 25, 2006

Aventura



"Um dia de silêncio
É um dia de amargura
Igual a outro dia qualquer...
Trazes nos olhos o desejo,
Onde vejo a aventura
Que, ainda, vamos viver..."


Obrigado...
 Posted by Picasa

sábado, junho 17, 2006

quarta-feira, junho 14, 2006

Beijo da Eternidade



De novo, perto de mim,
Observas o Horizonte...
Se eu a ti retornei
Foi da água que bebi na fonte.
Estava escrito nas lajes
Da fonte em que bebi
O segredo que desvendei
Para repousar, hoje, aqui...
 Posted by Picasa

sábado, junho 10, 2006

Esparsa Sua Ao Desconcerto Do Mundo

Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E, para mais m'espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado;
Fui mau, mas fui castigado;
Assi que, só para mim
Anda o Mundo concertado.

Luis Vaz de Camões

VIVA PORTUGAL!



"A vida é um telecomando,
Eu sou o 5º. Canal,
Sou todos os sonhos perdidos,
Por isso, VIVA PORTUGAL!"


Pedro AbrunhosaPosted by Picasa

sexta-feira, junho 09, 2006

Que linguagem tem o teu coração que não o entendes?

A aurora insurge-se na melodia da Primavera que o Sol, ledamente, assobia. Nem o indesejado som do motor dos carros dispersos pela rua abafa o belo canto que escuto na manhã clara. Nem as palavras descrevem o silêncio que se faz dentro de mim quando o meu olhar se desfaz na atmosfera, onde te respiro. E, assim, anseio-te em qualquer lugar, onde deixas tanto de ti...
Que linguagem tem o teu coração que não o entendes? Sei que me respiras, pressinto aqui...Espero-te de mão aberta à espera de se fechar, quando os nossos olhares se alimentam do beijo demorado. Por isso, vem e ensina-me a voar... Faz-me crer que as mãos amanhecem no teu rosto sublime como um toque divino da rara beleza num canteiro de um jardim. Abraça-me... Beija-me... Sente-me... Pressente-me... Longos são os braços que te enleiam no divã da sala, mas... que linguagem tem o teu coração que não o entendes? Abraça-me... O amor urge no desconcerto do Mundo... Preciso de ti...


Texto de João Garcia Barreto

terça-feira, junho 06, 2006

Urgentemente



"É urgente o amor...
É urgente um barco no mar...

É urgente o amor...
É urgente permanecer..."


Eugénio de Andrade Posted by Picasa

Beijo Escondido



"Sim, eras tu que, sem saber, me beijavas
E entregavas ao vento o tempo que sonhavas..."


Fotografia de Paulo Moreira
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sábado, junho 03, 2006

Luz Da Tua Estrada



"Deixa o meu olhar ser luz da tua estrada.
Não é, ao acordar, que o sonho é madrugada..."


Pedro AbrunhosaPosted by Picasa

sexta-feira, junho 02, 2006

Música



A Música é o meu beijo mais profundo,
Vindo do fundo, só para te agarrar...
É a força e a armadura do Mundo...
É o meu corpo, a minha vida que sei abraçar...
Posted by Picasa

segunda-feira, maio 29, 2006

Refúgio



"Refúgio": Pintura gentilmente cedida por Cristina Huertas

Revelei-te que o horizonte é um traço ecuménico,
Que o lugar onde vives é só um espaço cénico
E o mito que guardamos é aquilo que sonhamos
Num mundo assim...

Em ti pousei, em ti repousei...
Eis o refúgio que desvendei...
Sei voar, sei flutuar,
Sou um anjo vivo no teu olhar...


Posted by Picasa

sexta-feira, maio 26, 2006

Prende-me em ti...



"Prende-me em ti,
Agarra-me ao chão
Como barcos em terra,
Como fogo na mão,
Como vou esquecer-te,
Como vou eu perder-te,
Se me prendes em ti..."

Pedro Abrunhosa

Simples, não é?

Fotografia de Vanessa Pelerigo Posted by Picasa

quarta-feira, maio 24, 2006

Texto Solto

Não se consegue entender o ensejo que a vida teima em legar-nos no mundo sorumbático que sobrevivemos e a verdade que, nele, se revela de uma forma inusitada. Encontrei-te num momento cotio como se apanha sempre o metropolitano para Entrecampos nas horas de ponta e, logo, vislumbrei-me com o horizonte espraiado nos teus olhos sinceros. Endogenamente, esconjuravas-me no silêncio, onde me consideravas mais um imbecil no seio de um país inútil… Só era mais um…
Encorajei-me, depois, no envio de uma mensagem por correio electrónico e o âmago já suspirava por uma resposta que não chegava. Com as novas tecnologias de informação e de comunicação, reencontrámo-nos, onde divulgaste a resposta que a caixa de mensagens do meu endereço electrónico tinha rejeitado… Até as máquinas forjadas pelo Homem pregam partidas…
Combinámos um encontro num espaço divino de Lisboa, onde calcorreámos junto ao rio. Bebíamos as palavras que ambos dizíamos na sinceridade do momento, saciando a sede que as bocas coutadas manifestavam no silêncio, até que a noite terminou num beijo demorado…
E abriu-se o Horizonte na leda madrugada, o que, hoje, corrobora o espírito de gladiador entranhado em mim. Estou na estrada e parto ao alcance de um objectivo - o sonho vital…Pois é... Em qualquer auto-estrada não se pode fazer inversão de sentido de marcha…

João Garcia Barreto

domingo, maio 21, 2006

Anseio-te em qualquer lugar

Anseio o Infinito desenhado no teu corpo
Coberto por um tule irisado...
Anseio o desejo que se estende no horizonte
Pintado num beijo demorado...
Anseio o desvelo que se espelha no abraço
Legado numa dança no Mundo...
Anseio o ensejo que se insurge no tempo
Matizado num gesto fecundo...

Anseio-te em qualquer lugar,
Onde deixas tanto de ti...
Quero-te em mim na leda madrugada,
Onde sintas, depois, o tempo que vivi...

João Garcia Barreto

quinta-feira, maio 18, 2006

Paixão - Um Momento Que Amanhece



"Dois olhares que se cruzam;
Dois sorrisos que despertam;
Dois corações que se intimidam;
Duas almas que se apertam..."

"Um momento que amanhece
Numa palavra por dizer..."

Fotografia de Autor Desconhecido
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