terça-feira, fevereiro 21, 2006

Suspiro do Tempo



Peço-te uma noite só, aqui,
Onde tudo o que vês é metade de mim...
Quero-te numa noite só, assim,
Onde serei sempre parte de ti...

Beijas-me na doce loucura
Que as mãos ocultam por entre os dedos,
Benvinda, se quiseres partir na aventura
E na candura dos gestos ledos...

Eis, a tua canção na terna ausência,
O suspiro do tempo na profunda inocência...

João Garcia Barreto

Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores
Posted by Picasa

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Secret Garden

Disseste-me aquando despediamo-nos no momento destroçado pelo que não queríamos conversar: " há coisas que se subentendem..."
Por isso, peço-te um só momento único no tempo, onde o pensamento desvanece no carinho das mãos que pousam no teu rosto, na ternura dos teus beijos molhados que repousam nos meus lábios sedentos e na força do abraço que te agarra ao silêncio que fazes por mim...
Que bom é beijar a Poesia que as tuas mãos armazenam... Logo, verás que dançamos abraçados no mundo quando entregamo-nos num beijo profundo...

She'll let you in her house
If you come knockin' late at night
She'll let you in her mouth
If the words you say are right
If you pay the price
She'll let you deep inside
But there's a secret garden she hides

She'll let you in her car
To go drivin' round
She'll let you into the parts of herself
That'll bring you down
She'll let you in her heart
If you got a hammer and a vise
But into her secret garden, don't think twice

You've gone a million miles
How far'd you get
To that place where you can't remember and you can't forget

She'll lead you down a path
There'll be tenderness in the air
She'll let you come just far enough
So you know she's really there
She'll look at you and smile
And her eyes will say
She's got a secret garden
Where everything you want
Where everything you need
Will always stay a million miles away

Bruce Springsteen

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Que belo é o olhar sincero no tempo...

Não sei o que viste em mim para te enlouqueceres com o meu olhar que vagueia na tua beleza infinita. Derretes-te aquando exploras o meu sorriso esboçado na candura dos teus braços que me abraçam. Que belo é o enleio demorado...
Delicias-te com as mãos que tocam no teu rosto e com o perfume entranhado no meu corpo vadio, enquanto respiro a fragrância da tua pele macia. Que belo é o terno deleite...
Osculas-me na doce loucura que as mãos ocultam por entre os dedos e agarras-me ao silêncio que faço por ti, enquanto repouso no perene regaço que forjámos no jardim. Que belo é o olhar sincero no tempo...


Texto de João Garcia Barreto

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Momento

O piano louco encontrava-se livremente no palco à espera de conhecer o segredo da guitarra que, mais tarde, o revelou. Parece que se apaixonaram na candura do momento sem ninguém perceber...
Surgiu, depois, um novo ensejo na madrugada - um momento eterno, onde duas bocas suspiravam pelo beijo desenfreado... Quem ainda não vive momentos perenes e genuínos, onde as palavras vagueiam no desejo latente dos amantes?
Porque se prende o beijo? Porque não estendes as mãos como chamasses por mim na noite escura e fria? Porque temes a aventura? Que linguagem tem o teu coração que não o entendes? E se o beijo se insurgir? E se, de facto, isso acontecer? O coração espera sempre pelo tempo certo...
Tu és o meu deleite, por isso, peço-te um momento ou uma noite só, aqui, onde tudo o que vês é metade de mim...

Uma espécie de céu,
Um pedaço de mar,
Uma mão que doeu,
Um dia devagar.
Um Domingo perfeito,
Uma toalha no chão,
Um caminho cansado,
Um traço de avião.
Uma sombra sozinha,
Uma luz inquieta,
Um desvio na rua,
Uma voz de poeta.
Uma garrafa vazia,
Um cinzeiro apagado,
Um Hotel numa esquina,
Um sono acordado.
Um secreto adeus,
Um café a fechar,
Um aviso na porta,
Um bilhete no ar.
Uma praça aberta,
Uma rua perdida,
Uma noite encantada
Para o resto da vida.

Pedes-me o momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade
Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento.

Uma estrada infinita,
Um anúncio discreto,
Uma curva fechada,
Um poema deserto.
Uma cidade distante,
Um vestido molhado,
Uma chuva divina,
Um desejo apertado.
Uma noite esquecida,
Uma praia qualquer,
Um suspiro escondido
Numa pele de mulher.
Um encontro em segredo,
Uma duna ancorada,
Dois corpos despidos,
Abraçados no nada.
Uma estrela cadente,
Um olhar que se afasta,
Um choro escondido
Quando um beijo não basta.
Um semáforo aberto,
Um adeus para sempre,
Uma ferida que dói,
Não por fora, por dentro.

Pedes-me o momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade
Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento.

Pedro Abrunhosa