domingo, agosto 28, 2005

Um Homem Como Eu

Imagina um homem como eu
Não eu!
Um homem como eu, magro e grisalho
desses que até um véu dá de agasalho
Não eu... mas um homem como eu
que ama a fragilidade da lua e a tristeza das flores
De todas as flores por causa tua
Podes tentar...

Imagina um homem como eu
Não eu!
que ama com as mãos e com a voz
e, meu Deus, como são as tuas mãos...
São as mãos que todos nós – os homens como eu
beijamos só de olhar,
olhamos só de amar...
As mãos da mulher amada
são de ficar de mão dada, comendo um gelado,
olhando o céu dos pardais...
Não eu, que sou dos tais tão difíceis de gostar,
Mas um homem como eu
feito só de imaginar.

Imagina um homem como eu
Não eu!
Mas um homem que de seu
tem o medo inicial
da corrida das crianças
E o vermelho facial, das primeiras danças a dois,
quando sorris...
Mas que depois se deixa sempre levar
por tudo o que tu lhe dás
Vá, diz!
Amar um homem como eu,
eras capaz?

João Monge

segunda-feira, agosto 15, 2005

A ti, Vasco

O nosso tempo pueril teve bons e maus momentos, mas sempre fomos crianças inseparáveis nas brincadeiras. Recordas-te das carrinhas, dos comboios, das casas que arquitectávamos com as inúmeras peças de Lego armazenadas num grande caixote e das histórias que inventávamos, onde englobávamos as nossas novas construções? E dos jogos de futebol com os bonecos? Eram campeonatos sem fim...
Hoje, mantemo-nos inseparáveis, enquanto o tempo evanesce... Partilhamos alguns segredos, canções que amamos, enredos de filmes e de livros, poemas e, sobretudo, momentos que nos corroboram. E, como podes constatar, não é só o sangue que nos coaduna...
Aprendo imenso com a imensurabilidade do teu ser. Admiro o pragmatismo que utilizas como solução dos problemas que enfrentas, o que me permite evadir à promiscuidade latente em mim. No entanto, ambos somos rebeldes... Pugnamos por uma sociedade que diverge daquela que vivemos. E, talvez exista uma explicação para a nossa rebeldia... Perfilhados por dois anjos mundanos com a alma perene de Gedeão, sempre considerámos como lema que " o sonho comanda a vida."

A ti, Vasco