domingo, setembro 27, 2009

Quando Se Ama o Porto


Ansiava-te, ao som de Abrunhosa,
Quando o carro abraçou o Porto
Que, sob a ponte, açulava o anelo
Que persistia no dia já morto.
Esperei-te na leda madrugada
Que vacilava no rio que dormia
E, todavia, devaneava na calçada
Sob a Lua que, no céu, se desentedia.

E a tez macia da cidade adormecida...
E os esteiros de cetim sobre mim
Em plena avenida...

Quando se ama o Porto,
Dilata-se, na noite, o espaço
E quem anseia um beijo absorto,
Sente, sempre, perto o regaço.

Despertei, ao timbre de Abrunhosa,
Quando a manhã, de novo, se abriu
Que, sob a neblina, espelhou a luz
Na cidade, onde faz sempre frio.
Saboreei-te no canapé do Majestic
E, depois, no barco para a Afurada,
Onde troquei o Porto pela viagem
Do eterno sonho na madrugada.

E a tez sublime da cidade já despida...
E os esteiros de cetim sobre mim
Em plena avenida...

Quando se ama o Porto,
Dilata-se, na noite, o espaço
E quem anseia um beijo absorto,
Sente, sempre, perto o regaço.

Texto de João Garcia Barreto
Fotografia de Cristina Neto

quinta-feira, setembro 17, 2009

Anseio-te Em Qualquer Lugar


@Veneza

Anseio o Infinito desenhado no corpo
Coberto por um tule irisado...
Anseio o desejo que se estende no horizonte
Pintado no beijo demorado...
Anseio o desvelo que se espelha no abraço
Legado numa dança no Mundo...
Anseio o ensejo que se insurge no tempo
Matizado no gesto fecundo...

Anseio-te em qualquer lugar,
Onde deixas tanto de ti...
Quero-te, em mim, na leda madrugada,
Onde sintas, depois, o tempo que vivi...


Texto de João Garcia Barreto
Fotografia de Vasco Barreto