quinta-feira, setembro 11, 2008

Venham Mais Cinco

A relação antagónica entre a subida dos preços dos combustíveis e a descida do preço do petróleo demonstra a realidade de um país iníquo e soturno, onde a utopia pereceu...
A educação sucumbe-se pelo absentismo de valores e ideais da fraqueza de um governo, subsistindo no dilema da existência dos três tipos de professores: colocados, não colocados e mal colocados. Todavia, o Estado corrobora que possui o número de professores que necessita.
Os banqueiros martirizam o vulgo indigente com spreads exorbitantes e protegem, minuciosamente, as hipotecas contra a crise financeira do sub-prime, instalada no país dos cowboys, que ameaça invadir Portugal, indultando as dívidas das cigarras opulentas que exploram as formigas trabalhadoras.
Sobrevive-se, assim, no ciclo vicioso...

E, contra a escumalha e os abutres, marchar, marchar com a actual canção:

Venham mais cinco
Duma assentada
Que eu pago já
Do branco ou tinto
Se o velho estica
Eu fico por cá.

Se tem má pinta
Dá-lhe um apito
E põe-no a andar
De espada à cinta
Já crê que é rei
D'Aquém e D'Além Mar.

Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar.

A gente ajuda
Havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira
Deitar abaixo
O que eu levantei.

A bucha é dura
Mais dura é a razão
Que a sustem.
Só nesta rusga
Não há lugar
Pr'ós filhos da mãe.

Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar.

Bem me diziam
Bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra
Quem trepa
No coqueiro
É o rei.

A bucha é dura
Mais dura é a razão
Que a sustem.
Só nesta rusga
Não há lugar
Pr'ós filhos da mãe.


Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar.


José Afonso