domingo, agosto 19, 2007

Que Nunca Caiam As Pontes Entre Nós




Eu tenho o tempo,
Tu tens o chão,
Tens as palavras
Entre a luz e a escuridão.
Eu tenho a noite,
E tu tens a dor,
Tens o silêncio
Que por dentro sei de cor.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Eu tenho o medo,
Tu tens a paz,
Tens a loucura que a manhã ainda te traz.
Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo que bata em nós um coração.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Pedro Abrunhosa

Fotografia de Vasco Barreto

domingo, agosto 12, 2007

Itália



De madrugada, deixei o quarto no seu canto da despedida, enquanto o piano plangia. Parti na aurora de Lisboa que se encontrava, ainda, entregue ao sono. Abri os braços e sobrevoei as nuvens com o destino traçado. Itália esperava-me ansiosamente nos seus sublimes recantos...



O meu olhar tropeçava em cada canal de Veneza, enquanto a gôndola deslizava no rio ritmado pelo acordeão italiano e as casas zombavam no assobio do gondoleiro. Passo a passo, entregava-me ao sol e aos esteiros da cidade romântica.





E a viagem continuava e o sonho realizava-se dia após dia. À noite, Florença sentia os passos dos transeuntes que inspiravam o ar da sua atmosfera arquitectónica e suspiravam ao som remoto de “Bridge Over Troubled Water” que entoava na Piazza de Signoria e, durante o dia, a catedral espelhava as cores da cidade desejada e matizada por Michelangelo Buonarroti.




E a aventura aproximava-se do período derradeiro, quando aterrei na Via Nazionale em busca da Piazza de Venezia e da Via del Fori Imperiali, onde anseava o Colosseo, sibilando “Più bella cosa”.
As minhas mãos tocavam na face de Itália, enquanto suspirava pela canção que se velava em mim. O tempo descolou do asfalto molhado de Roma, quando vertia palavras na terna despedida e no desejo de regressar...

Aos meus pais, ao meu irmão e a quem partilhou comigo a aventura...

Fotografias de Vasco Barreto e João Garcia Barreto
Texto de João Garcia Barreto


quarta-feira, agosto 01, 2007

Horizonte Em Mim



Tento ler o céu a cada segundo do tempo que te espero, percebendo que as palavras se encontram espraiadas no Universo. Penso-te no silêncio dos gestos que faço só para te ter sempre em mim.
As horas passam, os minutos evanescem e eu abraço-te para sempre. Quando o dia beija a noite, desejo-te profundamente no tempo que vivo e, preso a ti, percebo que tu és o horizonte em mim...

Fotografia e texto de João Garcia Barreto