quinta-feira, dezembro 22, 2011

Sede do Coração

A Lua balança na contradança da solidão
E a paz aflora na bela hora do fogo são.
Vem… Desfaz a dor na candura,
Arvora os braços, degusta o tempo que perdura…

E, sobre o chão da loucura,
Matiza o céu na noite pura…

E abre o regaço do ledo corpo na paixão,
Dança no espaço e sacia a sede do coração.

O brio desbrava na chama brava da vontade
E a luz tatua, na alma nua, a liberdade.
Vem… Afaga a tez na ventura,
Desata o peito, pressente o amor que murmura…

E, sobre o chão da loucura,
Ilumina o céu na noite pura…

E abre o regaço do ledo corpo na paixão,
Dança no espaço e sacia a sede do coração.

E o pudor sem vez, velado no pez
Morre na languidez que o beijo desfez…

E, sobre o chão da loucura,
Ilumina o céu na noite pura…

E abre o regaço do ledo corpo na paixão,
Dança no espaço e sacia a sede do coração.


Texto de João Garcia Barreto


terça-feira, agosto 09, 2011

Foz do Teu Olhar

Perdi-me no silêncio que se estendia
Na serra que cobre o Douro,
Quando a tarde fez-se no Sol que se abria
E matizava o chão de ouro.
Perdias-te na saudade que se avizinhava
Ou na aventura que vivias
E, a cada palavra da canção que ocultava,
Simplesmente, sorrias...
E, no ledo passeio,
O beijo foi o ensejo que o tempo escondia...
E, no Molhe deserto,
Abracei-te quando o âmago dizia:
"Escondo o Porto na voz,
Quando abraço o mar...
Eis o Mundo que desemboca na Foz do teu olhar".
Texto de João Garcia Barreto

segunda-feira, julho 11, 2011

Unida ao Corpo Só

Perdes o pejo
Na aventura que vês em mim
E abraças o fogo
Da loucura do peito carmesim.
Bebes o ensejo no instante fecundo,
Sulcas a paixão no regaço do Mundo.
Vem… Sacia a sede que se insurge
Na voz que modula a liberdade que urge.

E salvas, enfim, a amarga nação
No viço de um beijo, em pleno Verão.

Unida ao corpo só,
Dança no tempo, aqui
E desata o nó da ilusão em ti.

Despes a alma
Que se entrega no leito quente
E sentes a sombra
Que não nega a noite premente.
Segues a silhueta no pez da estrada…
Eis a revolução na terna madrugada.
Vem… Afaga a mão que resiste
Na tez que espelha a luz que persiste.

E salvas, enfim, a amarga nação
No viço de um beijo, em pleno Verão.

Unida ao corpo só,
Dança no tempo, aqui
E desata o nó da ilusão em ti.

Matas a dor no alento,
Amas o céu no vento
Sobre o chão alado do silêncio.

Unida ao corpo só,
Dança no tempo, aqui
E desata o nó da ilusão em ti.

Texto de João Garcia Barreto


Canção Registada no IGAC

quarta-feira, junho 15, 2011

No Voo de Um Anjo

Da janela do quarto,
A tua fobia suspirava...
Esperavas pelo anjo,
Que tardava.
E dos jardins de Éden,
Irrompe num voo inaudito,
O anjo que aguardavas
No teu lugar interdito.

E, no silêncio do quarto,
Só o teu esgar não negou
A Eternidade de um beijo
De quem ao momento se entregou.
E, com o desvelo de um abraço
De um anjo eterno que voou,
Imunizaste no leito
O amor que, no quarto, deixou.

No voo de um anjo,
Onde flutuavas,
Desarvorou a dolência
Que tanto exorcizavas.
E, no parapeito do postigo,
Lá se despediu
O teu anjo perene
Que só o teu olhar viu.

Texto de João Garcia Barreto


A versão da canção para efeitos de registo pode ser escutada aqui

segunda-feira, abril 18, 2011

O Suspiro do Tempo

Peço-te uma noite só, aqui,
Onde tudo o que vês é metade de mim...
Quero-te numa noite só, assim,
Onde serei, sempre, parte de ti...

Beijas-me na doce loucura
Que as mãos ocultam entre os dedos.
Bem-vinda, se quiseres partir na aventura
E na candura dos gestos ledos.

Eis a tua canção na terna ausência...
O suspiro do tempo na profunda inocência...

Texto de João Garcia Barreto

terça-feira, março 08, 2011

Beijo da Eternidade


@Guincho
Tudo o que vejo não é miragem,
Tudo o que desvendo na alma
Perdura na essência da imagem
Do Mar que acalma.
Tudo o que sinto na realidade,
O que armazeno na arca sincera,
Transfigura a doce saudade
Numa rosa da Primavera.

Tudo o que, em mim, flameja,
Tudo o que, em mim, é fecundo,
É a Música que me beija
Numa lacuna do Mundo.
Tudo o que perdura nas páginas da verdade,
Tudo o que existe e não tem fim,
Fortalece a doce saudade,
Beijo da Eternidade em mim.

E tudo o que vês não é submerso...
A imagem que observas é o regresso...

De novo, perto de mim,
Observas o Horizonte,
Se eu, a ti, retornei
Foi da água que bebi na fonte.
Estava escrito nas lajes
Da fonte em que bebi,
O segredo que desvendei
Para repousar hoje, aqui.

Texto e Fotografia de João Garcia Barreto
Canção escrita em 2003

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Ledo Hiato

De tez macia e lasciva,
Sorris, no quarto, onde matizas a Primavera.
Dispersas, no soalho, as flores que amas
E escreves o adágio na atmosfera.
Semeias o viço das açucenas
E das puras acácias no Universo.
Preso no beijo de uma semibreve,
Estendo-me no esteiro de um verso.

E deixas-te ficar no ledo hiato,
Onde bailam anjos no silêncio lauto...

De tule pardo e liso,
Vagueias, no quarto, onde o tempo permanece.
Traças levemente a sombra que vês
E desenhas a Lua que esvanece.
Semeias o viço dos miósotis
E das puras azáleas na Utopia.
Enleado no regaço de um leito de seda,
Perduro nos braços da Poesia.

E deixas-te ficar no ledo hiato,
Onde bailam anjos no silêncio lauto...

Cedo-te a sidra no remanso dourado,
Cedes-me o suco de essência melada,
Brindamos ao Infinito num só trago...
Bebemos a seiva eternizada
Que produzes no quarto contemplado,
Onde deambulamos de mão dada.

E deixas-te ficar no ledo hiato,
Onde bailam anjos no silêncio lauto...
E deixas-te ficar aqui...

Texto de João Garcia Barreto

domingo, janeiro 30, 2011

Persegue-me

Persegue o bailado das mãos
Que pousas no chão da aventura

E dança na euritmia da canção
Que ecoa no silêncio da loucura.

Persegue o bálsamo da madrugada,
Quando o âmago se desarma no leito
E absorve a paixão que se alberga
Na noite que espelha o amor perfeito.

E o ensejo irrompe na silhueta rara
Do ledo corpo que baila na estrada
E rasuras o tempo no céu da manhã clara
E abraças o Mundo na noite findada.

Texto de João Garcia Barreto