segunda-feira, outubro 22, 2012

Acorda, Portugal! (Na Austeridade do Deserto)

Acorda, Portugal!
Pesa, no peito, a ilusão!
A corja do capital
Mata o sonho na desilusão.
Bajulas o charlatão
Que negoceia a televisão.
E degolas a educação
No desprezo da podridão.

Reage, meu vulgo turvado!
Padeces, no chão, pisado.

Acorda, Portugal!
Arde a liberdade tão perto.
Desata o bem do mal
Na austeridade do deserto.

Acorda, Portugal!
Pulsa o cravo na canção!
Quebra-se o cristal
Na dor que sofres sem solução.
Exaltas a vaidade
Dos plutocratas sem razão.
E sufocas a vontade
Na hipoteca da nação.

Reage, meu vulgo turvado!
Padeces, no chão, pisado.

Acorda, Portugal!
Arde a liberdade tão perto.
Desata o bem do mal
Na austeridade do deserto.

E as almas que revogas na solidão?
E as vozes que afogas na multidão?

Acorda, Portugal!
Arde a liberdade tão perto.
Desata o bem do mal
Na austeridade do deserto.

E o desemprego que já basta
Na economia que se assiste?
E o desassossego que se arrasta
Na hipocrisia que persiste?
E a desigualdade que perdura
Na demagogia que não desiste?
E a sociedade sem cultura
Na idiocracia que resiste?

Acorda, Portugal!
Desata o bem do mal.

Texto de João Garcia Barreto