quarta-feira, novembro 17, 2010

As Luvas de Minha Mãe

De onde vem
O regaço permanente
Esse beijo transparente
que me dás só de o pensar.

De onde vem
A promessa de alegria
A doce melancolia
Que eu herdei do teu olhar.

De onde vem
Este amor que me pressente
Que me dói se estou ausente
Dessa dor que ele me tem.

De onde vem
O saber não aprendido
Do coração aquecido
Nas luvas de minha mãe.

Texto de João Monge

A ti, minha Mãe...

quarta-feira, novembro 10, 2010

Âmago de Guitarrista


O que dizer quando a emoção é indescritível? O que dizer quando a música invade a alma de quem se imuniza num sonho? O que dizer quando um momento é efémero e desvendamos que é, paradoxalmente, perene? O que dizer quando as câmaras sobrevoavam o palco e perseguiam os dedos do génio que falava com a guitarra e do sonhador que, enquanto tocava, vivia um sonho...

Texto de João Garcia Barreto, escrito, depois, da actuação no Herman SIC (Outubro 2006).

Ao Phil, por ser genuíno, pela sua genialidade e por confiar no som endógeno que os meus dedos reproduzem...

terça-feira, novembro 02, 2010

Eufemismo da Memória

Sei que desdenho o que é inútil
E a sabedoria de um lacrau fútil
Que esbanja demagogia
Nos dias de romaria.
Sei que desdenho o lugar,
Onde se perde tempo a escutar
As verborreias tão exíguas
Ditas por mentes não ambíguas...

Sei que desdenho o consumismo,
Que corrobora o materialismo
E toda a instância do poder
Que transfigura o ser...

Isto é só o materialismo da história,
O eufemismo da memória...

Texto de João Garcia Barreto

Às vezes, é necessário, de uma forma simples, poética e directa, manifestar o desgosto de (sobre)viver num Estado iníquo e plutocrata... O que podemos, assim, legar às crianças de Hoje ou aos jovens e adultos de Amanhã?

Ao meu pai ("Vai Dar Tudo Ao Mesmo").
Por um país melhor...