terça-feira, novembro 17, 2009

Fada do Tempo

Desvendei-te na friagem da noite, quando as asas se quebraram de tanto sobrevoar as lacunas veladas no Mundo. Amainaste os vendavais que pareciam infindáveis e aconchegaste-me no regaço, onde, ainda, teimo em repousar. Transfiguraste-me e inverteste a dolência de um anjo enfadonho, emancipando-o com o alento que transborda de ti…
Talvez sejas dona do tempo e saibas inverter sortilégios… De que terno sonho vieste? De que eterno conto surgiste?
Insurgiste-te nos nefastos pesadelos, que, inexoravelmente, me corroíam, cobrindo-me com um invólucro feérico. Cristalizaste o tempo no meu âmago estrógeno e ofereceste-me hipérboles, metonímias e metáforas sem fim. Com as tuas asas, sou, hoje, dono do céu… De que noite irrompi? De que sonho renasci? Talvez de ti, Fada do Tempo…

Obrigado, Mãe…

quarta-feira, novembro 04, 2009

Doce Ensejo

Insurge-se o ensejo, no silêncio do tempo
E a mão aberta que se quer fechar,
Enquanto dançamos na avenida
Antes da manhã regressar...
Desvendo o desejo que se oculta em ti
Na solidão das palavras que recitas
E prendo-me nas teias dos sorrisos
Que, na avenida, dissipas.

E a noite esvaece...
E o tempo permanece em mim...

E se a Lua adormecer,
Sei que me beijas ao amanhecer...
E se o Sol despertar,
Sei que a mão se vai fechar...

Sibila na avenida o doce desejo,
Que se oculta no sopro do vento
E persigo as palavras que soltas
No ledo balanço do momento.

Texto de João Garcia Barreto


Um poema de uma canção composta em 2004...