segunda-feira, agosto 31, 2020

No Meio da Quarentena

No meio da quarentena,

sempre com a sua cantilena

lá estava o cata-ventos

no canal da podridão,

onde só está quem faz figurão

e, entretanto, a criatura

que é ave rara sem cultura

grita slogans aos ventos

sem saber bem o que diz,

mas atiça multidões de nazis.

 

Para que serve uma canção

quando alguém ouve?

Para que serve a verdade

quando nunca houve?

Para que serve a razão 

se escondes o que crês?

O que é a Liberdade

se não sabes o que vês?

 

O mais bizarro de tudo isto,

nem Karl Marx e Jesus Cristo

sonhavam com o fanfarrão.

Longe é Abril de Zé Mário

quando tudo está ao contrário.

Já não bastava a pandemia

para fustigar a economia

e a espelhar a solidão,

cá suportamos o trapaceiro

que troca tudo por poleiro.

 

Para que serve uma canção

quando alguém ouve?

Para que serve a verdade

quando nunca houve?

Para que serve a razão 

se escondes o que crês?

O que é a Liberdade

se não sabes o que vês?

 

@João Garcia Barreto


Poema registado no IGAC

Autor representado pela Sociedade Portuguesa de Autores


https://linktr.ee/eusouogarcia

www.joaogarciabarreto.pt