sábado, setembro 24, 2005

Refúgio

A noite adormeceu no crepúsculo da manhã,
Enquanto dormias, Princesa, no aconchego do divã,
Onde ousaste viajar sobre o segredo que o mar
Armazenou em mim.
Descobriste que o que viste, era o cimo de uma hera,
Que floria a saudade em tons de Primavera
E eternizava os dias no lugar onde viverias
A sonhar sempre assim…
Entrizaste-te, enfim, do aconchego do divã
E revelaste o que observaste, roendo uma maçã…
Estendeste a tua mão, senti a pulsação,
És parte de mim…
Revelei-te que o horizonte é um traço ecuménico,
Que o lugar onde vives é só um espaço cénico
E o mito que guardamos, é aquilo que sonhamos
Num mundo assim…

Em ti pousei, em ti repousei…
Eis o refúgio que desvendei…
Sei voar, sei flutuar,
Sou um anjo vivo no teu olhar.

Revelei-te que o horizonte é uma linha infinita,
Que o lugar onde vives, já ninguém acredita,
E os trilhos que seguirás, serão retalhos de paz
Dissipados aqui…
Soubeste-me perguntar onde guardava a magia,
Disse que não sabia sequer onde a escondia,
Pediste-me um beijo, realizei o desejo
Do teu ensejo sem fim…
Insurgiste-te no adeus com o teu jeito peculiar,
Disseste que um anjo sabe sempre regressar,
Beijaste a minha mão, sentiste a pulsação,
Sou parte de ti…
Disseste que esperavas com as duas mãos abertas,
Prometi que regressava nas noites incertas,
Peguei na poesia e na mais bela melodia
E parti assim…

João Garcia Barreto

Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores

4 comentários:

CLÁUDIA disse...

E haverá forma mais bela de partir?...

Beijo ***

pedro barros disse...

"E o mito que guardamos, é aquilo que sonhamos
Num mundo assim…"

Uma inconfundível leitura... do sonho à realidade!

Abraços
Pedro Moza

Anónimo disse...

"Os ventos são pequenos - nem gemido
de velas nem cordame de folhas.
Sentada num café, conjuro-lhes os cantos, elevo
os olhos como mastro
ao sol.
Mas os ventos são poucos
ou os olhos humildes não bastante.
[...]

*
Ana Luísa Amaral

Anónimo disse...

Esqueci-me de assinar o post anterior :)


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