quinta-feira, dezembro 02, 2010

Quando se Ama o Porto


Ansiava-te, ao som de Abrunhosa,
Quando o carro abraçou o Porto
Que, sob a ponte, açulava o anelo
Que persistia no dia já morto.
Esperei-te na leda madrugada
Que vacilava sobre o rio que dormia
E, todavia, devaneava na calçada
Sob a Lua que, no céu, se desentedia.

E a tez macia da cidade adormecida...
E os esteiros de cetim sobre mim
Em plena avenida...

Quando se ama o Porto,
Dilata-se, na noite, o espaço
E quem anseia um beijo absorto
Sente, sempre, perto o regaço.

Despertei, ao timbre de Abrunhosa,
Quando a manhã, de novo, se abriu
Que, sob a neblina, espelhou a luz
Na cidade, onde faz sempre frio.
Saboreei-te no canapé do Majestic
E, depois, no Barco para a Afurada,
Onde troquei o Porto pela viagem
Do eterno sonho na madrugada.

E a tez sublime da cidade já despida...
E os esteiros de cetim sobre mim
Em plena avenida...

Quando se ama o Porto,
Dilata-se, na noite, o espaço
E quem anseia um beijo absorto
Sente, sempre, perto o regaço.

Texto e Fotografia de João Garcia Barreto

6 comentários:

Indy disse...

Quando se sente o Porto... mágico!

Parabéns! (mais uma vez)

Beijinhos
Joana

Olinda disse...

:-) bonito.

SombrArredia disse...

"Afinal, o Porto para verdadeiramente honrar o nome que tem , é primeiro que tudo, este largo regaço para o rio, mas que só do rio se vê ou então, por estreitas bocas fechadas por muretes, pode o viajantedebruçar-se para o ar livre e ter a ilusão de que todo o Porto é a Ribeira."


José Saramago

Daniel C.da Silva disse...

Belíssimo! Há prosas que nao devem ser comentadas sob pena de se lhe estragar a beleza. É o caso. Parabéns!

Abraço

Vlinder disse...

Espetacular : )

Cidade de eleiçao, o grande Abrunhosa e uma grande mestria na tua escrita.

Tem um optimo fim de semana*

Daniel C.da Silva disse...

Passo para deixar os votos interiores de um Natal com Paz, independentemente da concepção que se tenha dele.

Com amizade

Lobinho