segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Exercício de opinião política

Nos dias transactos, o vulgo português assistiu às campanhas eleitorais dos partidos que se candidataram à Assembleia da República. Alguns partidos praticaram uma campanha assaz inusitada, ansiando por resultados desmedidos e um pouco irreais, o que levou ao descontentamento patente no rosto dos caudilhos dos partidos e evidenciado nas respectivas declarações à comunicação social. A deslocação inaudita do povo às urnas prova a inidoneidade de governação do conúbio dos dois maiores partidos da direita. De facto, Portugal terá um novo governo, mas será que o seu futuro mudará? Veremos…
O partido vencedor conseguiu alcançar o seu único objectivo: a maioria absoluta. Naturalmente que a vitória socialista é agradável, mas admito que o conceito de maioria absoluta assemelha-se à noção de ditadura, já que o partido maioritário pode perfeitamente aplicar políticas que não sejam consensuais com as medidas dos restantes partidos que compõem a Assembleia da República. Caso as políticas não sejam o que o vulgo pretende, a democracia pode desvalorizar-se e só o partido eleito pode fazer com que isso não se origine. Embora a sua posição de esquerda seja assumida, os socialistas têm uma política promíscua, pois tanto aplicam medidas esquerdistas como medidas de direita, o que pode não ser favorável ao país, já que os socialistas correm o risco de se apresentarem de forma equitativa à plutocracia assumida pelo fraco governo de direita. Talvez isso não aconteça…
Saliento também as grandes vitórias dos outros partidos de esquerda que aumentaram a sua participação na Assembleia da República, podendo controlar a acção governativa do partido recém-eleito. O líder comunista soube conduzir a sua campanha de uma forma regrada, robusta e garrida, incutindo o espírito evidenciado na obra perene do seu camarada Manuel Tiago ( Até amanhã, Camaradas ) e pugnando sempre pelos direitos dos trabalhadores de todos os sectores privados e públicos. O Bloco de Esquerda atingiu os objectivos pré-estabelecidos, embora não seja a terceira força política como previa. Contudo, dilataram a sua participação política, aumentando mais do dobro dos votos alcançados nas eleições anteriores, o que valorizou todo o trabalho desenvolvido de forma inaudita por Francisco Louçã e os restantes membros do partido.
Do lado da direita, o Partido Social Democrata sucumbiu e obteve o pior resultado de sempre. Os portugueses condenaram aquele que sabiam bem quem era… Desde que Cavaco Silva exonerou-se da liderança, o PSD não soube encontrar alguém que tivesse ideias convictas e idóneas de conduzir o próprio partido. Felizmente, o CDS / PP também não escapou ao julgamento e a demissão pedida pelo ex-director do Independente evidencia o quanto o próprio ambicionava o Poder. A direita foi, assim, condenada pela fraca política por si preconizada e sucumbida pela tão esperada e não, por mim, desejada maioria absoluta socialista, pelo empenho dos comunistas e pela grande genialidade daqueles que são constantemente acusados pelos vencidos como neo-fascistas de esquerda. Eis o novo ensejo de Portugal…

1 comentário:

Anónimo disse...

João, qual o target que tens definido para o teu blog?

pure-rose