sexta-feira, dezembro 19, 2008

Pedaço de Papel



As palavras escasseiam neste pedaço de papel nu. O que fazer, quando existem inúmeras coisas por dizer? O que dizer, quando a saudade contorna a ternura da candura do teu olhar em mim? A alma revela-se, inefavelmente, na terna ausência, onde respiro o ar legado pela atmosfera, enquanto este pedaço de papel se transfigura num simples gesto. E os sonhos corroboram a filantropia que transborda de mim. O que fazer, quando há mil e uma coisas por esbanjar? O que dizer, quando a eternidade tatua o tempo na alma doce e calma? O âmago imuniza, indelevelmente, o beijo e o abraço do regaço de quatro noites demoradas, enquanto este pedaço de papel é tudo aquilo que possuo para te lembrar...

Texto e Fotografia de João Garcia Barreto

1 comentário:

Anónimo disse...

Cheguei a casa com as tuas folhas de papel presas no coração. Escolhi uma gaveta, e guardei-as na sala onde descanso e sonho.
As tuas palavras eram generosas e simpáticas.
Sempre que passo por elas enchem-me de bem estar.
É sempre cheia de bem estar que me sinto quando penso em ti, na tua alegria, generosidade, mesmo que a nossa amizade seja feita de papel como estas folhas.
Não preciso de as ler todos os dias.
Quando te vejo, a nossa amizade desenhada no papel torna-se real, ganha vida, cor, textura.
A nossa vida enche-se com a da outra e tudo o que desejamos é que a outra esteja tão feliz como nós.
É uma amizade de papel, frágil e opaca, leve e branca, feita de ideias, de sonhos, de esperança e de muitas cores.
Uma amizade sem planos nem projectos, quase adolescente.
A amizade é como escrever palavras no coração. Por isso, a última vez que te fui visitar, também te deixei algumas folhas, sem pressas, escrevi-as enquanto dormias. Estou atrasada no meu tempo, nas palavras que nunca te escrevi. Algumas folhas vão perder-se, outras vão ser mais pequenas, mas sei, que as que guardo na minha gaveta vão vencer o tempo.
A nossa amizade é de papel, como as palavras que me deste e no papel hão-de ficar, para sempre escritas. E se um dia, o papel se transformar em qualquer outra coisa, será sempre numa outra forma de amizade, porque o papel vem das árvores, mas a amizade vem do amor e nunca morre, mesmo depois de cortado, prensado e transformado, porque amor é como escrever palavras numa folha e tu já escreveste as tuas no meu coração.

Juju