domingo, agosto 15, 2010

Refúgio - Para Sempre


A noite adormecia no crepúsculo da manhã
E tu dormias, Princesa, no aconchego do divã,
Onde ousavas viajar sobre os segredos que o mar
Armazenou em mim.
Descobrias que, o que vias, era o cimo de uma hera
Que floria a saudade em tons de Primavera
E eternizava os dias no asilo, onde viverias
A sonhar, sempre, assim...
Entrizaste-te, enfim, do aconchego do divã
E revelaste o que observaste, roendo uma maçã.
Estendeste a mão, senti a pulsação,
És parte de mim...
Revelei-te que o horizonte é o fim ecuménico,
Que o lugar, onde vives, é só um espaço cénico
E o mito, que guardamos, é aquilo que sonhamos
No Mundo, assim...

Em ti, pousei. Em ti, repousei.
Eis o refúgio que desvendei.
Sei voar. Sei flutuar.
Sou um anjo vivo no teu olhar...

Ledamente, o dia surgiu na manhã já despida
E tu estranhavas, Princesa, a madrugada vivida
No enleio que se eterniza no tempo que se imuniza
Para sempre, aqui.
Soubeste perguntar onde guardava a magia.
Disse que não sabia sequer o que escondia.
Pediste-me um beijo, realizei o desejo
Do ensejo sem fim.
Insurgiste-te, no adeus, com o teu jeito peculiar.
Disse que um anjo sabe sempre regressar.
Osculaste a minha mão, sentiste a pulsação,
Sou parte de ti...
Disseste que esperavas com as mãos abertas.
Prometi que regressava nas noites incertas.
Peguei na Poesia e na mais bela melodia
E parti, assim...

Em ti, pousei. Em ti, repousei.
Eis o refúgio que desvendei.
Sei voar. Sei flutuar.
Sou um anjo vivo no teu olhar...

Texto de João Garcia Barreto
Pintura de Cristina Huertas
("Lua" - Técnica mista sobre papel de aguarela)

Uma história contada em formato de canção que intitula o blog...

3 comentários:

SombrArredia disse...

Sempre
...

uma das palavras que me navega no sangue

Anónimo disse...

"... No fundo uma pessoa só sabe que uma princesa é mesmo de verdade quando nem a tristeza consegue desmanchar a sua beleza..."
( Beija - Mim de Jorge Araújo)

Rosa Brava disse...

Deixou-me um nó na garganta...
Divino.