terça-feira, outubro 19, 2004

Será que existe censura?

Há uns tempos atrás, o “Público” editou uma efeméride abominável, onde revelava o facto de um insigne compositor ter sido desconvidado para a inauguração do novo espaço cultural do Porto pela própria administração do local. Segundo consta no artigo, o compositor irreverente foi alvo de repúdio, devido às declarações que tinha proferido anteriormente contra o actual presidente do município portuense. Mais tarde, dois comentadores mediáticos foram intimidados a moderar os seus próprios discursos pelo presidente da estação de televisão que representavam, o que levou à evasiva de um dos comentadores. Parece que o presidente da estação de televisão foi obrigado por coacção a actuar de tal forma pelo Exmo. Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares.
Já não bastava a exoneração dos benefícios fiscais dos planos de poupança decretada pelo Exmo. Sr. Ministro das Finanças, o que enfraquece a parcimónia exercida pelos cidadãos comuns? Já não bastava a implementação de taxas moderadoras nos estabelecimentos de saúde ou a criação de novas portagens? Já não bastava a existência de três tipos de professores: os colocados, os não-colocados e os mal colocados? Já não bastava as verborreias proferidas pelos políticos demagogos, populistas e anti-democratas do “continente” e do arquipélago da Madeira? Ao menos, cá nos contentávamos só com isso… Não, só isso não chega… Censuraram quem não se calava… Será que retornámos à repressão exercida pelos regimes fascistas de António Oliveira Salazar e Marcello Caetano? Eis o regresso da censura a Portugal…Escusava de hiperbolizar, mas a conjuntura política não me oferece outra alternativa…
De facto, existem pessoas retrógradas e acéfalas, autênticos lacraus fúteis, que deviam ser urgentemente exonerados do lugar que ocupam. Isto é a evidência de que existe um autêntico absentismo de dignidade e respeito pelo português democrata – aquele que elege por sufrágio nacional. Talvez o Exmo. Sr. Presidente da República perceba que fomos de mal a pior…
No entanto, o vulgo português vinga-se do flagelo económico com o “reality show”, onde deambula um hermafrodita mirabolante, que se pavoneia diante das câmaras. Eis o “estado” em que sobrevivemos…

1 comentário:

sombra_arredia disse...

continua a escrever assim :)