terça-feira, junho 07, 2005

Ao Canto da Noite

Ao canto da noite
Esperava o dia
Que fossem horas de a ver chegar

Ao canto da noite
Já desesperava
Em todos os cantos que deixou para trás

Esperava como dia
Como tarde
Ou até como amanhã

Esperava ao ver-se ontem
Já levado em braços
Pelo pôr do Sol

Ao canto da noite
Já ninguém ficava
A fingir que faz poemas a ninguém

Ao canto da noite
Já ninguém deixava
Fugir desabafos por perder alguém

Só quem passasse
E olhasse para o nada
Via um vulto que se esconde

Por trás do nada
O dia espera
Como escravo do horizonte

Espera
No fundo do canto da noite
Foge
Para longe do canto da noite

Ao canto da noite
Pensava o dia
Que se podia um dia apaixonar

Se houvesse outro dia
Que para ele olhasse
E se deixassem os dois abandonar

Ao canto de uma noite
Sem ter medos
Sem ter regras a cumprir

Depois fugir do canto
Sem destino
Sem ter rotas a seguir.

Já se ouviu contar
Que nesse canto mora a alma
De outras tantas almas
De outros cantos
De outras noites

Luís Represas

2 comentários:

Folha|em|Branco disse...

:)*

moon between golden stars disse...

"Pedes-me o momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade
Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento." (P.A.)

Que agradável surpresa, na solidão deste cantinho da noite...

Um abraço