terça-feira, junho 14, 2005

Ensina-me a namorar

Um romance de 29 e-mails é algo de inovador na literatura portuguesa e esse é o traço que caracteriza o enredo do novo e sublime livro de António Garcia Barreto. Adoptanto a técnica tão actual dos e-mails, que as diversas figuras desta obra literária enviam umas às outras, o autor utiliza uma linguagem altamente cuidada e idónea de descrever belas cenas de ficção.
"Ensina-me a namorar" relata a tragédia vivida pelo alferes miliciano João Doodler de Sousa que, ao conhecer Julieta na capital portuguesa, não revelou o seu nome verdadeiro aquando partiu para a guerra colonial, afirmando que se chamava Romeu Duchamp. Já perecido sem se reencontrar com a sua amada, João Doodler de Sousa revela, em e-mails enviados para um anjo do Céu, as sequelas do flagelo daqueles que viveram tempos inóspitos a combater na guerra do Ultramar, possivelmente, hoje, considerada como o opróbrio da sociedade quotidiana em que sobrevivemos, segundo as palavras da própria personagem, enquanto fazia o relatório da sua "vida terrena": “A participação dos soldados portugueses na guerra colonial não pode ser motivo de vergonha, conquanto possa ser vergonha a política que os conduziu a tal situação e um tanto ligeira a que levou ao processo de descolonização”.
O intróito do romance deve-se ao desafio proposto por um amigo de Sampaio Bessa, detentor de uma empresa de prestações de serviços nas áreas de estudos de mercado e de gestão de recursos humanos e detective de boas causas, o qual deveria desvendar o desaparecimento do antigo namorado de Julieta, João Doodler de Sousa. No desenrolar do romance, Sampaio Bessa e Julieta vivem uma história de amor, onde ficou célebre a frase que intitula a obra:"Ensina-me a namorar".
Após esta sinopse, convido-vos vivamente a ler o novo romance de António Garcia Barreto, publicado pela editora portuense "Campo das Letras".

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