segunda-feira, março 09, 2009

Âmago Que Balança

De braços abertos, voas na cidade
A cada sombra que vês,
Onde devoras o perfume lascivo
Do vento do ensejo na tez.

Beijas-me nas palavras que dizes
Em cada lugar que passas
E a avenida desentedia-se na canção
Do tempo eterno que abraças.

E suspiro enquanto suspiras...
E respiro quando respiras...

E, na cidade cansada,
O âmago que balança,
Ao ver-te, sorri...
E o corpo que baila
No Mundo que dança
Por ter-te aqui...

Texto de João Garcia Barreto


Poema registado na Sociedade Portuguesa de Autores

1 comentário:

Anónimo disse...

Se te censuram, não é teu defeito,
Porque a injúria os mais belos pretende;
Da graça o ornamento é vão, suspeito,
Corvo a sujar o céu que mais esplende.
Enquanto fores bom, a injúria prova
Que tens valor, que o tempo te venera,
Pois o Verme na flor gozo renova,
E em ti irrompe a mais pura primavera.
Da infância os maus tempos pular soubeste,
Vencendo o assalto ou do assalto distante;
Mas não penses achar vantagem neste
Fado, que a inveja alarga, é incessante.
Se a ti nada demanda de suspeita,
És reino a que o coração se sujeita.

(William Shakespeare)