sábado, novembro 06, 2004

Excessos de um Artista

Devo admitir que "estigma" é um termo muito forte para se aplicar a quem é um símbolo da música portuguesa, embora não quisesse com isso depreciar o artista mencionado no post anterior. De facto, Pedro Abrunhosa marcou intensamente o desenvolvimento da canção nacional, que necessitava de ser remodelada, já que se tornava uma constante imutável ( vira o disco e toca o mesmo...). Em Portugal, só se escutava os mesmos compositores credenciados, os únicos que se dignavam a pugnar contra a "pimbalização" da música nacional. Ainda me recordo da irreverência dos GNR e dos Mão Morta e do infeliz desvanecimento de grandes bandas como os Heróis do Mar, os Jáfumega e os Sétima Legião. Enfim, alguém tinha de incitar a música nacional, o que os outros artistas não estavam a conseguir...
À medida que o tempo passa, é mais notória a cicatriz marcada pelo desmesurado artista. Ora vejamos... O mercado abriu-se... D'Weasel, Ornatos Violeta, Yellow W Van, Toranja, Blind Zero, Belle Chase Hotel, David Fonseca e os Silence 4 insurgiram-se no panorama musical português,corroborando o que Pedro Abrunhosa e outros compositores defendiam. No entanto, a "pimbalização" continua a fazer estragos... Foi, neste sentido, que utilizei o termo "estigma"...
"Como uma ilha" é um momento invertido em forma de canção, pois acredito que o sujeito poético quis transmitir a segurança ao destinatário do poema, que se fragilizava na solidão. No fundo, acredito que ambos se encontram inseguros, embora considere que o sujeito poético saiba simular perfeitamente, já que "o poeta é um fingidor"...
Contudo, admito que tenho um dom para imiscuir as coisas e, torná-las, por isso, promíscuas. São os "excessos de um artista" como diria Carlos Tê...

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