quarta-feira, novembro 03, 2004

Que Amor não me engana

José Afonso é a referência que detenho para manifestar tudo o que armazeno no meu âmago estrógeno. Insurgiu-se num regime totalitário, onde dissipou inúmeras baladas que criou com a sua voz peculiar ladeada da sua fiel guitarra... Por onde caminhas, grande Zeca? Tu, que ansiavas a revolução como ninguém.... Eu, que não te conheci... Assim, o tempo não anuiu...


Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se da antiga chama
Mal vive a amargura...

Numa mancha negra,
Numa pedra fria,
Que a amor não se entrega
Na noite vazia...

E as vozes embargam
Num silêncio aflito.
Quanto mais se apartam,
Mais se ouve o seu grito...
Muito à flor das águas,
Noite marinheira,
Vem devagarinho
Para a minha beira...

Em novas coutadas
Junto de uma hera,
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera.

Assim tu souberas,
Irmã cotovia,
Dizer-me se esperas
O nascer do dia...

E as vozes embargam
Num silêncio aflito,
Quanto mais se apartam,
Mais se ouve o seu grito...
Muito à flor das águas,
Noite marinheira,
Vem devagarinho
Para a minha beira...


José Afonso

2 comentários:

sombra_arredia disse...

Ganda Zeca....
um aplauso merecido aqui debaixo :)

Graça disse...

Ando na net às voltas a tentar descobrir se as vozes "embarcam" (como se vê em alguns sítios) ou "embargam" (como sempre trauteei). Vejo que estamos de acordo.