quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Senta-te Aí

Está na hora de ouvires o teu pai
Puxa para ti essa cadeira
Cada qual é que escolhe aonde vai
Hora-a-hora e durante a vida inteira.

Podes ter uma luta que é só tua
Ou, então, ir e vir com as marés
Se perderes a direcção da Lua
Olha a sombra que tens colada aos pés.

Estou cansado. Aceita o testemunho
Não tenho o teu caminho para escrever
Tens de ser tu, com o teu próprio punho
Era isto o que te queria dizer.

Sou uma metade do que era
Com mais outro tanto de cidade.
Vou-me embora que o coração não espera
À procura da mais velha metade.

Texto de João Monge

Parabéns, Grande Pai

1 comentário:

Anónimo disse...

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

(Sophia de Mello Breyner)