segunda-feira, setembro 06, 2004

A Arte - O Sémen do Amor Mundano

Nas noites em que esconjuro a solidão, invento histórias sem fim. Talvez seja a Arte que me faz sobrevoar paisagens infinitas, onde busco a magia que utilizo para enfrentar os medos e os cansaços que infelizmente a vida nos dá. Revelei num dos temas anteriores que a Arte é um subterfúgio que encontrei para me abstrair da futilidade do Mundo. Tudo aquilo que não é idóneo de se banalizar, é a forma mais etérea de descrever o pensamento, de evidenciá-lo e de manifestá-lo de um modo congruente. No entanto, poderíamos definir a Arte como o retrato abstracto da sociedade velada na intransigência do Mundo ou como um beijo perene que se oferece a quem nos concede um regaço ou como um grito filantropo de quem pretende salvar o Universo ou de quem vive com essa ilusão...

A Arte é a palavra que respira num dicionário,
Que se esmera num livro de poesia;
É a sílaba pronunciada no silêncio plenário
Que a natureza demonstra por magia...

É o gemido de um piano sonâmbulo
Que persegue na noite o sonhador;
É uma sóbria aresta de um triângulo
Que a Trigonometria desvenda sem pudor...

A Arte é uma lágrima no oceano
Dissipada por um anjo enfadonho;
É o sémen do amor mundano
Plantado nas planícies do sonho...

A Arte é a palavra transfigurada numa rosa,
Que transcende os feitiços do anoitecer;
É a casta beleza da poesia narrada em prosa,
Que interpela o sonhador ao amanhecer...


Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores

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