quinta-feira, setembro 23, 2004

Um Arauto de Éden

"Hoje, sou dono do Céu sem o querer ultrajar..." No meu leito alado e implume, viajo por paisagens quiméricas, idealizando momentos perenes. Sou um arauto de Éden, que sobrevoa a avenida, escutando a voz pungente que soa e se propaga na noite. Indago o lugar onde a voz urge, vasculhando cada lacuna da cidade, na qual se vela uma sublime palavra...um belo sentimento... Vislumbro o fulgor produzido pelo reflexo de uma lágrima dissipada num singelo parapeito de um postigo, onde surge o esgar taciturno de uma princesa desesperada.
" Luz, sai da frincha, é manhã, sei que o dia já desarvora..." E os sonhos não têm fim como as histórias que invento...


De tanto sobrevoar,
Indaguei uma lacuna no Mundo,
Em cada espaço, uma candeia acesa...
Em cada toada, um grito profundo...
Encontrei um postigo aberto
E pousei no seu parapeito,
Soltei um sopro nevado,
Logo, surgiu o teu esgar desfeito.
Porque planges na madrugada?
Porque deturpas a alvorada ?

Sou um arauto de Éden
Que, no teu quarto, veio repousar.
E desvendo o teu horizonte
No esplendor do teu olhar.
Escuta a doce melopeia,
Que sibila dentro de ti,
Torna perene o momento
E a missiva que deixo aqui...


Canção registada na Sociedade Portuguesa de Autores

1 comentário:

sombra_arredia disse...

"A poesia não fora escrita para ser analisada. Fora feita para inspirar sem motivo,para emocionar sem entendimento"
A tua João, lembra-me aguarelas de magia... :)